150 artistas judeus condenam Israel pelo “genocídio em andamento” em Gaza
Mais de 150 artistas judeus assinaram um manifesto em apoio ao pronunciamento do cineasta Jonathan Glazer na cerimônia deste ano do Oscar e repudiam o “genocídio em andamento” cometido na Faixa de Gaza pelo Estado de Israel contra o povo palestino. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), já soma mais de 100 mil o número de mortos, feridos e desaparecidos no maior campo de extermínio no mundo de hoje, grande parte crianças.
Durante a premiação, o diretor de “Zona de Interesse”, que venceu o Oscar de melhor filme internacional, defendeu o “imediato cessar-fogo em Gaza”, alertando sobre o crescente processo de degradação e anulação de valores da humanidade. Jonathan Glazer abordou o tema no filme em que mostra o “normal” dia a dia da família nazista do chefe do campo de extermínio da Auschwitz, vivendo vizinha ao campo, na Polônia.
“Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior cenário, moldando nosso passado e presente. Neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito”, apontou Jonathan Glazer.
No documento, nomes de peso como o ganhador do Oscar, Joaquin Phoenix, o consagrado ator Elliott Gould, a fotógrafa Nan Goldin e a escritora e ativista Naomi Klein disseram ter ficado estarrecidos diante da alienação expressa por colegas que, sem qualquer fundamento, atacaram o incisivo pronunciamento de Glazer contra o terrorismo de Estado praticado por Israel. “Os seus ataques são uma distração perigosa à crescente campanha militar de Israel, que já matou mais de 33 mil palestinos em Gaza e levou centenas de milhares à beira da fome”, sustentaram.
“Somos judeus orgulhosos que denunciam a transformação da identidade judaica e da memória do Holocausto em armas para justificar o que muitos especialistas em direito internacional, incluindo os principais estudiosos do Holocausto, identificaram como um ‘genocídio em andamento’”, defenderam os artistas, reiterando seu apoio a “todos aqueles que pedem um cessar-fogo permanente”.
“Os ataques a Glazer têm um efeito silenciador sobre a indústria que contribui para a supressão da liberdade de expressão e dissidência, qualidades que devemos proteger no nosso campo”, sublinharam os manifestantes. E enfatizaram que “para preservar a humanidade e garantir a sobrevivência de todos, devemos soar o alarme quando qualquer grupo enfrenta tamanha brutalidade e atos de extermínio”.
Por todo o planeta crescem as mobilizações em apoio ao povo palestino e contra o cerco a Gaza. No campo cultural, os nomes que apoiam Glazer não estão sós. Antes deles, Tony Kushner, o influente roteirista de filmes dirigidos por Steven Spielberg como Munique, Lincoln e Os Fabelmans, havia declarado em entrevista ao jornal israelense Haaretz que suas palavras eram “impecáveis e irrefutáveis”.
“O que ele está dizendo é que a identidade judaica e a nossa história, a história do Holocausto e o sofrimento não podem ser usados como uma campanha que visa desumanizar ou massacrar outros”, concluiu.
Fonte: Papiro