Presidente da Federação Sindical Suíça, Pierre-Yves Maillard (ao centro de camisa azul), festeja vitória | Foto: AFP

Referendo na Suíça aprovou um décimo terceiro para os aposentados e rechaçou o aumento da idade mínima de aposentadoria de 65 para 66 anos, uma “vitória histórica”, segundo o grupo de direitos dos aposentados Avivo e os sindicatos.

A votação foi no domingo (3) e a participação foi alta para o padrão dos plebiscitos suíços, 58%. Para ser válido, era preciso ter a maioria dos votantes em geral e a maioria dos 26 cantões suíços, o que foi conseguido.

A medida estabelece que os pensionistas recebam um 13º pagamento a cada novembro, como já acontece com os contracheques do pessoal da ativa, como explicou a BBC News. Os pagamentos extras começarão em 2026.

A proposta de aumentar a idade de aposentadoria em um ano – de 65 para 66 anos – e vinculá-la à expectativa de vida foi rejeitada por 74,72% dos eleitores.

O presidente da Federação Sindical Suíça, Pierre-Yves Maillard, disse à Rádio Televisão Suíça (RTS) que a votação enviou “uma mensagem maravilhosa a todos aqueles que trabalharam duro durante toda a vida” e provou que “são as pessoas que têm o poder na Suíça”, segundo o Le Monde.

Além dos aposentados e sindicatos, a proposta vencedora foi apoiada pelos partidos de esquerda e entidades pró-direitos. O governo de centro-direita e os partidos de sua base, mais o empresariado, estavam contra o 13º e a favor de aumentar a idade mínima de aposentadoria.

O resultado foi considerado “surpreendente”, já que em plebiscitos anteriores propostas como aumentar os dias de férias haviam sido rejeitadas.  À ministra do Interior, Elisabeth Baume-Schneider, só restou comentar que “a democracia está viva e em alta na Suíça”.

Analistas consideraram o resultado do referendo como uma resposta da população ao bilionário resgate, pelo governo, do Credit Suisse em 2023.

“Muitos pensam que os empresários e gerentes quebraram o contrato social suíço não escrito: que os gerentes são modestos com bônus e prevaricação, enquanto as pessoas são modestas com as demandas sociais”, disse Michael Hermann, do instituto de pesquisas de opinião Sotomo, ao jornal SonntagsZeitung.

“As pessoas estão irritadas há muito tempo com o comportamento de corporações, gestores, sonegadores. Então, muitas vezes você ouve agora: ‘Se eles se ajudam, então também queremos algo para nós’.”

Atualmente, os pensionistas suíços recebem entre US$ 1.393 e US$ 2.760 por mês, mas Zurique empatou com Cingapura como a cidade mais cara do mundo, de acordo com um relatório de novembro da Unidade de Inteligência Econômica.

“Estou aposentada agora e, obviamente, gostaria de um pouco mais”, disse a eleitora de Zurique Mery, de 65 anos, à Reuters. “Deveria permitir-me dar uma coisinha aos meus netos.”

Como registrou o Common Dreams, o referendo suíço ocorre em meio a manobras, em outros países, para aumentar a idade mínima de aposentadoria. O mais notório exemplo, a imposição na França, por Macron, do aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, contra manifestações massivas, e sem colocar a questão em votação no parlamento.

Fonte: Papiro