Nikki Haley conquista vitória em Washington, e Trump a nomeia “rainha do pântano”
No último domingo (3), a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, alcançou um marco significativo ao vencer sua primeira disputa de indicação presidencial republicana nas primárias de Washington, DC. Há quem estime que esta vitória não apenas impulsiona a campanha de Haley, mas também sinaliza um possível desafio às expectativas estabelecidas antes das competições da Super Terça na próxima semana.
Em uma surpreendente reviravolta, Haley superou o ex-presidente Donald Trump, que tem dominado as pesquisas públicas em quase todos os estados participantes da Super Terça. No entanto, com uma margem de 63% dos votos, Haley assegurou uma vitória convincente sobre Trump, que obteve apenas 33% dos votos. Com pouco mais de 2.000 republicanos de Washington participando das primárias, Haley garantiu todos os 19 delegados do Distrito.
Com uma base de republicanos moderados, muitos dos quais envolvidos na política ou no governo, Washington ofereceu a Haley uma oportunidade única de sucesso. Em contraste com a vitória de Donald Trump nas primárias de Washington em 2016, onde obteve apenas 14% dos votos, Haley conseguiu assegurar uma vitória convincente, capturando 63% dos votos.
Ao contrário de outros estados iniciais como a Carolina do Sul e o Iowa, onde Trump desfrutou de apoio significativo nas primárias anteriores, Washington apresentou um terreno mais fértil para a candidatura de Haley.
No entanto, as expectativas de participação eram inicialmente baixas, o que levou os estrategistas a considerarem uma competição imprevisível. Patrick Mara, presidente do Partido Republicano em Washington, expressou anteriormente sua expectativa de uma participação de entre 2.000 e 6.000 eleitores, abrindo assim a possibilidade para qualquer candidato emergir vitorioso.
Cérebro de idiota
Enquanto Haley celebrava sua conquista, o ex-presidente Donald Trump não perdeu tempo em reagir, alegando falsamente em suas redes sociais que Haley havia “gastado todo o seu tempo, dinheiro e esforço” em Washington. Sua retórica depreciativa incluiu referências a Haley usando o apelido de “Birdbrain” (cérebro de passarinho, idiota ou imbecil), refletindo a contínua tensão entre os dois.
A campanha de Trump, por sua vez, aproveitou a oportunidade para desacreditar a vitória de Haley, rotulando-a como a “Rainha do Pântano”, uma alusão ao apelido depreciativo que Trump deu à cidade de Washington. No entanto, os partidários de Haley argumentam que sua vitória reflete a rejeição dos republicanos moderados de Washington ao caos político associado à administração de Trump.
Apesar das estratégias de mobilização adotadas por ambas as campanhas, a vitória de Haley surpreendeu muitos observadores políticos. Sua conquista não apenas a torna a primeira mulher a vencer uma primária republicana na história política dos Estados Unidos, mas também valida sua posição como uma forte concorrente na corrida presidencial.
Em resposta à sua vitória, a porta-voz de Haley, Olivia Perez-Cubas, destacou a rejeição de Trump pelos republicanos de Washington, descrevendo-os como “mais próximos da disfunção de Washington”. Esta vitória representa não apenas um triunfo para Haley, mas também uma indicação da diversidade de opiniões dentro do Partido Republicano.
No entanto, apesar deste impulso inicial, Haley enfrenta um desafio árduo na busca pela indicação presidencial, com Trump ainda mantendo uma vantagem substancial em termos de delegados. Prevê-se que Trump garanta a maioria dos delegados nas próximas semanas, consolidando assim sua posição como o principal candidato republicano.
Enquanto Haley celebra sua vitória em Washington, seu verdadeiro teste aguarda nas próximas etapas da corrida presidencial. Com a Super Terça se aproximando rapidamente, a batalha pela indicação republicana está longe de terminar, e Haley terá que enfrentar desafios significativos para manter seu ímpeto nesta acirrada competição política.
Em uma entrevista recente, Haley sugeriu que pode não honrar sua promessa de apoiar o vencedor das primárias, levantando questões sobre o futuro de sua campanha.
Biden, apesar de tudo
Na terça-feira passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu uma vitória confortável nas primárias democratas em Michigan, apesar de enfrentar desafios significativos de um grupo de eleitores irritados com seu apoio à guerra de Israel em Gaza.
Ativistas progressistas e líderes árabes-americanos instaram os democratas de Michigan a votarem “descomprometidos” em vez de apoiarem Biden, um sinal preocupante para sua reeleição esperada contra Donald Trump em um estado crucialmente decisivo.
A dissidência dentro do próprio partido emergiu como um dos maiores desafios políticos para a campanha de Biden, aumentando o temor de que ele possa enfrentar dificuldades para unir a coalizão de centro-esquerda em torno de sua candidatura em novembro.
Os eleitores que optaram pela campanha “descomprometida” buscavam que suas autoridades eleitas os ouvissem e compreendessem sua dor, expressando assim seu descontentamento com a postura de Biden em relação à guerra em Gaza.
Apesar disso, Biden assegurou uma vitória expressiva em Michigan, ganhando 81,1% dos votos, enquanto 13,3% optaram pelo “descomprometido”. Os candidatos Dean Phillips e Marianne Williamson receberam 2,7% e 3% dos votos, respectivamente.
Biden destacou suas políticas econômicas e esforços para proteger os direitos reprodutivos em sua declaração após a votação, embora não tenha mencionado a guerra em Gaza diretamente.
A reação negativa em relação à guerra em Gaza colocou a política externa no centro da corrida à Casa Branca, ao lado de outras questões importantes como imigração, economia e caráter dos candidatos.
Michigan é um estado decisivo que foi decidido por margens estreitas nos últimos ciclos eleitorais, tornando o descontentamento com a política externa de Biden uma preocupação significativa para sua campanha de reeleição.
Apesar dos desafios, Biden permanece otimista e comprometido em unir o partido e avançar em direção à eleição de novembro. A diversidade de origens, ideologias e culturas de Michigan representa uma riqueza para o estado, mas também implica em uma escolha desafiadora para os eleitores.
(por Cezar Xavier)