Na Jordânia, chanceler brasileiro defende cessar-fogo em Gaza e ajuda humanitária
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, encontrou-se com o rei da Jordânia, Abdullah II, e com o vice-chanceler, Ayman Safadi, para discutir a cooperação e o fortalecimento do comércio entre os países, além das ações genocidas do governo de Israel contra os palestinos em Gaza.
Em entrevista coletiva, Mauro Vieira reiterou o apelo a um cessar-fogo imediato, ao acesso da ajuda humanitária a Gaza e à rápida libertação dos reféns.
Com o aumento do número de mortos na Faixa de Gaza, que já chega a 32 mil, Mauro Vieira enfatizou a urgência de impedir o genocídio de Israel contra os palestinos.
O rei Abdullah II, em reunião com Mauro Vieira e com o embaixador do Brasil na Jordânia, Marcio Fagundes do Nascimento, “transmitiu o reconhecimento da Jordânia pelo papel diplomático do Brasil e do presidente Lula diante do drama humanitário em Gaza”.
De acordo com a Jordan News Agency (Petra), o rei “sublinhou a necessidade de alcançar um cessar-fogo imediato e permanente em Gaza, proteger os civis e continuar a entrega de ajuda humanitária à Faixa por todos os meios possíveis”.
Para ele, “não há paz ou estabilidade na região sem uma solução justa para a questão palestina”.
Mauro Vieira também esteve com o vice-chanceler Safadi, que elogiou a postura do Brasil em relação aos ataques de Israel contra a Faixa de Gaza. “São posições coerentes com os valores do Brasil, que compartilhamos, e com o direito internacional”.
“Depois de mais de cinco meses desta agressão, rejeitamos qualquer tentativa de justificá-la. O assassinato de inocentes não é legítima defesa. O assassinato de mais de 12.000 crianças palestinas não é legítima defesa. A destruição de uma população inteira a sociedade não pode ser justificada de forma alguma e não pode ser aceita como autodefesa”, disse Safadi.
Ele sublinhou que “fazer crianças morrerem à fome e tomar mais de dois milhões de palestinos como reféns é um crime humanitário impulsionado pela ideologia extremista e pelo racismo desumano, que é evidente diariamente nas ações, declarações e posições do primeiro-ministro israelense e dos ministros racistas extremistas em este governo”.
Os governos do Brasil e da Jordânia vão buscar uma maior cooperação nas áreas de comércio, investimentos, agricultura, turismo e defesa, segundo informou o Itamaraty.
Ao final de sua viagem para o Oriente Médio, Mauro Vieira terá passado pela Palestina, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita.
No domingo (17), enquanto estava na Cisjordânia, Mauro Vieira expressou a “solidariedade do governo e do povo brasileiro com o povo palestino, especialmente em Gaza, pelas inaceitáveis perdas da população civil e pela destruição”.
“Deixe-me dizer isso em alto e bom som. É ilegal e imoral privar as pessoas de comida e água. É ilegal e imoral atacar comboios humanitários e pessoas que procuram ajuda. É ilegal e imoral impedir que doentes e feridos tenham acesso a suprimentos médicos essenciais. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais religiosos e sagrados, cemitérios e abrigos”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil.
“O rasto de destruição e morte entre pessoas inocentes que hoje assistimos não será esquecido. O sentimento de desespero pela vida dos recém-nascidos prematuros apanhados no meio de uma operação num hospital não será apagado. A imagem de pessoas famintas e desesperadas por comida e água sob fogo cruzado não desaparecerá das nossas memórias. A visão de crianças esqueléticas de Gaza, morrendo de fome, nunca deixará de assombrar as nossas mentes durante as gerações vindouras”, continuou.
Fonte: Página 8