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Mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo subiram 94% no primeiro bimestre de 2024, segundo ano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), em comparação com o mesmo período de 2023. As ocorrências saltaram de 69 para 134 no período. A disparada ocorre em meio a operações na Baixada Santista.

O levantamento mostra que no primeiro bimestre de 2021 houve 121 mortes; em 2022, 52; em 2023, 69; e em 2024, 134. Esses números incluem mortes cometidas por PMs de serviço e de folga em todo o estado. Os números são do Ministério Público e foram divulgados pela GloboNews.

“Há uma preocupação com esse crescimento acentuado de mortes provocadas por intervenções policiais, especialmente em serviço”, diz Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança. “Chama atenção também”, continua ela, “o número de mortos na Baixada Santista”, que mostra “um dos efeitos deletérios da Operação Verão”, avalia. E também, “como ela tem se convertido na prática, numa espécie de ‘operação vingança’ por causa do assassinato do soldado Cosmo”, analisa Samira.

O policial Samuel Wesley Cosmo, do 1º Batalhão de Polícia de Choque, foi morto ao ser baleado durante um patrulhamento em Santos, no litoral paulista no dia 2 de fevereiro deste ano.  Desde o início da Operação Verão na Baixada Santista, em 18 de dezembro de 2023, 39 suspeitos (segundo a PM) foram mortos. Dessas, 6 ocorreram sem troca de tiros com a polícia. As informações foram apuradas pelo g1 com base nos dados do balanço de um mês de desencadeamento das ações.

Desde a execução do policial, a segurança na Baixada foi reforçada, com o recrudescimento das ações. O levantamento do g1, com base em boletins de ocorrências e notas enviadas ao portal, revela que os mortos que não trocaram tiros com a polícia representam 15,3% dos óbitos durante a ação.

Um deles, Hildebrando Simão Neto, de 24 anos, baleado no último dia 7 de fevereiro durante uma abordagem em uma casa em São Vicente, era deficiente visual. Levado ao Hospital Vicentino, Hidelbrando faleceu dois dias depois. Segundo o g1, o rapaz era diagnosticado com ceratocone, uma doença que pode levar à cegueira, e não enxergava com nitidez a mais de 30 centímetros, em um dos olhos. A SSP-SP disse à época que o caso seria “rigorosamente investigado”.

De acordo com os dados do Gaesp – Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Estadual – a alta foi puxada pelas mortes cometidas por PMs em serviço, que saltaram 129% (de 49 para 112) entre os primeiros bimestres de 2023 e 2024. Já as mortes cometidas por PMs de folga cresceram 10% (de 20 para 22) no mesmo comparativo, segundo o Gaesp.

Em nota ao g1, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), chefiada por Guilherme Derrite, afirmou que “não comenta pesquisas cuja metodologia desconhece” e que a “opção pelo confronto é sempre do suspeito, que coloca em risco a vida do policial e da população”.

Santos foi a cidade que mais registrou mortes por conflitos com policiais desde o último dia 3 de fevereiro, quando o monitoramento começou, de acordo com o g1; São Vicente vem em segundo, com 11. Juntas as cidades somam 76,9% das ocorrências.

Fonte: Página 8