Foto: Rodrigo Cabral (ASCOM/MCTI)


A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, anunciou, nesta quarta-feira (6), mais uma iniciativa do governo para ampliar a participação feminina nessas áreas. Trata-se de um edital de R$ 100 milhões para apoiar projetos que estimulem o ingresso, a formação e a permanência de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e na Computação. 

“Vai ter mais mulheres na ciência sim. O nosso compromisso e vontade política é que as mulheres sejam de fato protagonistas da sua história”, afirmou a ministra Luciana Santos. O edital é uma iniciativa conjunta do MCTI, do Ministério das Mulheres e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Conforme destacou a ministra, o edital é mais uma política da pasta voltado à superação da desigualdade de gênero, a exemplo dos programas Futuras Cientistas e Mulheres Inovadoras. “Não podemos nos conformar com o fato de que 60% das carreiras de iniciação científica são das mulheres, mas no topo da carreira, elas são apenas 35%. Isso revela que, no meio do caminho, há amarras que impedem as mulheres de exercerem plenamente sua carreira científica”, apontou a ministra. 

Um dos obstáculos deste caminho, citado por Luciana, é a cultura do cuidado que recai principalmente sobre as meninas e mulheres, muitas vezes obrigadas a abandonar os estudos para cuidar de filhos, irmãos mais novos ou idosos. “Por isso, no CNPq, estamos estudando metodologias que não punam as mulheres por serem mulheres ou pelo papel do cuidado; elas precisam, ao contrário, serem premiadas por esse tipo de opção”, destacou. 

Quanto ao caráter do edital, a ministra ressaltou que a ideia é ampliar o acesso das mulheres à ciência e, assim, enfrentar as desigualdades de gênero, mas também regionais e étnico-raciais. “Pelo menos 40% dessas bolsas serão destinadas a meninas negras e indígenas”, pontuou. 

Luciana salientou que “precisamos fazer com que a ciência tenha a cara deste país, que é um país diverso, de mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+. Enfim, é preciso contemplar a diversidade de nossa gente não apenas por uma questão de justiça — o que já seria bastante — mas também para garantir excelência científica”. 

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, um dos desafios do país é fazer com que as mulheres ocupem espaço em setores como a ciência. “Esse edital é a garantia de que nós, de fato, vamos estar em um lugar que nunca nos permitiram estar”, afirmou. “O nosso lugar”, completou, “é na política, mas também na ciência e nos espaços de poder”.

O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, destacou: “Não deixem nunca que incutam em vocês, meninas e jovens, o medo do conhecimento. O Brasil precisa da contribuição de vocês para o nosso progresso”. 

A cerimônia contou, ainda, com as presenças da secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Márcia Barbosa; do secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda; da pesquisadora Jaqueline Goes e de meninas que já se dedicam ao estudo da ciência, como a dupla “Big Bang”, Beatriz e Isabella; Larissa Paiva, a Laritrix, além de uma aluna do programa Futuras Cientistas, Luiza Aymée.

Edital

Segundo informações do MCTI, a chamada pública Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação já está aberta e tem como público-alvo estudantes do sexo feminino matriculadas no oitavo e no nono ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio em escolas públicas e em cursos de graduação nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e na Computação. As propostas poderão ser apresentadas até 29 de abril deste ano.

Os projetos apoiados pela chamada pública deverão ser executados por meio de redes formadas por, pelo menos, três pesquisadores, preferencialmente mulheres, vinculados a diferentes tipos de instituições. Cada projeto poderá solicitar, no máximo, R$ 1 milhão. 

Os recursos vão atender projetos de todas as unidades da federação. Para reduzir as desigualdades regionais, a chamada prevê a destinação da parcela mínima de 30% dos recursos para projetos cuja instituição de execução esteja sediada nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste.

Com informações do MCTI