Carros queimados por colonos israelenses em Al Lubban Al-Gharbi na Cisjordania ocupada | Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Israel aprovou a apropriação de cerca de 8 quilômetros quadrados do território da Cisjordânia, declarando-os como “terras do Estado”, o que servirá para a construção de novos assentamentos israelenses no território palestino ocupado, informou o The Times of Israel, na sexta-feira (22).

O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, afirmou que a declaração desta área como propriedade de Israel é “uma questão importante e estratégica”. “Embora existam pessoas em Israel e no mundo que tentam minar o nosso direito à Judeia e Samaria [nome bíblico da Cisjordânia] e ao país em geral, promovemos o movimento de colonização com trabalho árduo e estrategicamente em todo o país”, disse. Em outras palavras, o ministro expôs, cinicamente, que não reconhece o direito dos palestinos ao seu próprio território.

Essa nova tentativa de apropriação ilegal, porém, não passou sem resposta. “No encontro do Conselho Europeu realizado nesta semana, os líderes da União Europeia condenaram as decisões do governo israelense de expandir ainda mais os assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada, instando Israel a reverter estas decisões”, afirmou a aliança em comunicado de imprensa divulgado no domingo (24), referindo-se ao anúncio do governo de Benjamin Netanyahu.

“Em linha com a sua posição comum de longa data e com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a União Europeia não reconhecerá alterações nas fronteiras de 1967, a menos que as partes concordem”, aponta a declaração, frisando que a expansão dos assentamentos alimenta tensões e mina as perspectivas de uma solução de dois Estados, que continua a ser a única garantia duradoura de segurança em longo prazo para israelenses e palestinos.

Nem o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se negou a dizer que o plano de Israel de construir novos assentamentos na Cisjordânia é “incompatível com o direito internacional ”. Blinken expôs essa opinião na sexta-feira(22), respondendo a perguntas de jornalistas, durante uma conferência de imprensa conjunta com a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, em Buenos Aires.

“No que diz respeito aos colonatos, devo dizer que estamos decepcionados com este anúncio. Tem sido uma política de longa data dos Estados Unidos, sob administrações republicanas e democratas, [dizer] que os novos colonatos são contraproducentes para alcançar uma paz duradoura. Eles também são inconsistentes com o direito internacional”, concluiu Blinken.

De acordo com a organização não governamental israelense Paz Agora (Peace Now), a área ocupada é a maior desde os Acordos de Oslo de 1993. Assinalou ainda que “2024 marca um pico na extensão das declarações de terras estatais”.

Recentemente, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, já havia observado que os novos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada estão crescendo a um ritmo recorde, depois que autoridades do país anunciaram a construção de mais de 3.000 novas casas de ocupação ilegal na região.

Nas suas palavras, o estabelecimento e a expansão contínua de assentamentos equivalem à transferência por parte de Israel da sua própria população civil para os territórios que ocupa, o que é sinônimo de “um crime de guerra ao abrigo do direito internacional”.

“A Cisjordânia já está em crise. No entanto, a violência dos colonos e as violações relacionadas com os assentamentos atingiram novos níveis chocantes e correm o risco de eliminar qualquer possibilidade prática de estabelecer um Estado palestino viável”, ressaltou Volker Turk.

TROPAS DE ISRAEL IMPEDEM TRABALHO DE EQUIPES MÉDICAS

As forças de ocupação israelenses perpetraram oito massacres contra famílias na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, resultando na morte documentada de pelo menos 84 palestinos e no ferimento de outras 106 pessoas, segundo dados do Ministério de Saúde da Palestina, publicados neste domingo.

As autoridades locais confirmaram que o número de mortos palestinos devido ao ataque israelense desde 7 de outubro aumentou para 32.226 vítimas mortais, com mais 74.518 pessoas feridas. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

Entretanto, as ambulâncias e as equipes de resgate ainda não conseguem chegar a muitas vítimas e cadáveres presos sob os escombros ou espalhados nas estradas do enclave devastado pela guerra, enquanto as forças de ocupação continuam a obstruir o movimento das equipes médicas e de defesa civil.

Simultaneamente, as forças israelenses continuam a sua ofensiva no Complexo Médico Al-Shifa, a oeste da Cidade de Gaza, pelo sétimo dia consecutivo.

Pacientes e pessoas deslocadas no hospital sofrem com a falta de serviços de saúde, alimentos e água devido ao bloqueio imposto pelas forças de ocupação ao hospital.

Fonte: Papiro