Foto: Ricardo Stuckert

Entidades de trabalhadores petroleiros, metalúrgicos e marítimos, representantes de empresas e parlamentares se reuniram no último dia 20 com o presidente Lula em prol da retomada da indústria naval e em defesa do limite para o afretamento de navios estrangeiros pela Petrobrás.

Na reunião, feita a pedido dos deputados federais Alexandre Lindenmeyer e Jandira Feghali – presidente e vice-presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Naval –, as lideranças debateram com Lula as questões inerentes ao desenvolvimento da indústria naval no país e a sua importância na geração de empregos nos setores marítimo, offshore e nos estaleiros, e os prejuízos à nação causados pelo afretamento sem limites de navios de outras bandeiras pela Petrobrás na cabotagem. No encontro, o deputado Lindenmeyer entregou ao presidente um relatório elaborado pela Frente Parlamentar com propostas para o setor.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), Carlos Müler, “o Brasil não deveria continuar dependente de outros países no transporte de petróleo”. “Se não tivessem sido construídos 26 navios do Promef [Programa de Modernização e Expansão da Frota] entre 2009 e 2019, já não teríamos nenhum navio petroleiro em bandeira brasileira na maior empresa do país”, ressaltou. 

A deputada Jandira Feghali criticou a utilização excessiva de navios estrangeiros pela Petrobrás, observando que “são recursos significativos enviados para outros países que deixam de gerar renda e desenvolvimento no Brasil”.

O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ressaltou a necessidade de revitalização da indústria naval, assim como a de criação de um novo marco regulatório, “para garantir a proteção dessa indústria, além da importância da Petrobrás e de outras empresas de petróleo fazerem encomendas no Brasil, gerando demandas para os estaleiros nacionais”.

Em relação aos afretamentos ilimitados de navios estrangeiros que a Petrobrás vem fazendo há anos, o representante da FUP lembrou que não foi sempre essa a realidade do setor, que cresceu, em média, 19,5% ao ano entre 2003 e 2013.

“As políticas públicas desse período garantiram ao Brasil, através de seus estaleiros, a construção de 19 plataformas de produção offshore total ou parcialmente construídas no Brasil. O impacto dessas políticas promoveu um salto de 1.900 para 82.000 empregos diretos, mais de 180.000 indiretos, com mais de 16 bilhões pagos em salários, além de outros benefícios”, disse.

Conforme os participantes da reunião, o presidente Lula sinalizou que a Petrobrás precisa cumprir a sua função social com o povo brasileiro e contribuir para gerar riqueza e empregos em nosso país. “Destacou também que a visão dos dirigentes de uma empresa com essas características não deveria ser unicamente a geração de dividendos para os acionistas e afirmou que a construção naval e a Marinha Mercante nacionais não podem ser desprezadas pela estatal”.

Fonte: Página 8