Bassirou Faye é eleito presidente do Senegal com plataforma anticolonialista
O Conselho Constitucional confirmou, nesta sexta-feira, 29, a vitória de Bassirou Diomaye Faye nas eleições presidenciais. Com a vitória do candidato do partido Pastef – Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, Ética e Fraternidade, Faye, de 44 anos, assumirá a Presidência no país africano no lugar de Macky Sall, no poder há 12 anos.
Faye, que estava preso até 15 dias antes das eleições, teve mais de 54% dos votos em um pleito com a participação de mais de 70% dos eleitores aptos a votar.
A candidatura de Faye cresceu quando o líder do Pastef, preso e proibido de se candidatar, Ousmane Sonko, o apontou com seu candidato.
A campanha adotou a consigna “Ousmane é Diomaye ”.
Amadou Ba, candidato escolhido pelo atual presidente, ficou em Segundo lugar com apenas 35% dos votos.
De acordo com a plataforma apresentada pelo Pastef, o candidato eleito se propõe a desvincular a moeda local, o franco CFA, de seu atrelamento ao euro, uma moeda que tem até as cédulas emitidas pela França.
Os vitoriosos nas eleições aderem aos ideais pan-africanos dos líderes que encabeçaram a luta anticolonial por todo o continente e se propõem à luta pela soberania do país (por meio da recuperação das riquezas nacionais, da industrialização e da recuperação da infraestrutura); a se engajarem no combate contra a desigualdade (conquista a ser alcançada por meio de serviços públicos universais de qualidade); no esforço pela garantia de trabalho de forma digna e abrangente.
Também defenderam durante a campanha uma reforma política, que estabeleça formas de controle popular sobre o poder.
Entre os meios de alcançar aquilo que seu projeto propõe, estão o fortalecimento do Estado (“e de seu papel primordial no desenvolvimento econômico e social”), uma reforma agrária camponesa.
O candidato Ousmane foi desqualificado por ser condenado por “difamação”. Já Faye apesar de preso desde abril e acusado de afrontar o judiciário, difamação e atos que “poderiam perturbar a paz pública”, pode concorrer, pois ainda não havia sido condenado.
Depois de solto teve 15 dias para correr o país e levar multidões a saírem às ruas em apoio a sua candidatura.
A vitória de Faye, considerada um verdadeiro levante contra a submissão do Senegal aos ditames e interesses da potência que o colonizava, a França, dá sequência a movimentos que fazem a África se voltar às origens do movimento de libertação anticolonialista que tem varrido com revoltas outros países africanos a exemplo do Niger, Burkina Fasso e Mali.
Fonte: Papiro