Sindicalismo avança na Disneylândia, a “meca do capitalismo”
A cena seria inusitada: como imaginar uma greve ou piquete em que, na linha de frente, estão o Mickey Mouse, o Pato Donald ou o Tio Patinhas? Pois os funcionários da Disneylândia que se fantasiam e interpresam esses personagens – os chamados performers – já começam a pensar nessa possibilidade.
O sindicalismo está avançando a passos largos no mais célebre parque temático do mundo, localizado na Califórnia e considerado a “meca do capitalismo”. Dos 1.700 trabalhadores dos departamentos de personagens e desfiles da Disneylândia, 60% já apoiam a sindicalização da categoria.
A proposta em pauta é que a Actor’s Equity Association passe a exercer a representação sindical desses segmentos. Como lembrou Chris Isidore, da CNN, a entidade “representa tudo, desde atores da Broadway até strippers de Los Angeles”. Fundado há 11 anos, o sindicato tem 51 mil filiados nos Estados Unidos.
Entre esses associados estão os funcionários da Disney World, em Orlando. Graças ao amparo sindical, eles têm remunerações maiores e mais direitos do que os trabalhadores da Disneylândia, embora exerçam funções idênticas. Além disso, o custo de vida na Califórnia é cerca de 50% maior do que em Orlando, de acordo com o Conselho de Pesquisa Comunitária e Econômica.
“Todos reconhecem que a Disneylândia é um lugar especial. Mas a magia por si só não paga o aluguel”, resumiu à CNN a presidenta da Actor’s Equity, Kate Shindle. Apenas no terceiro trimestre de 2023, a Disneylândia teve lucro operacional de US$ 2,1 bilhões. Na “meca do capitalismo”, os trabalhadores podem – e merecem – ter mais respeito.