Foto: Agência de Notícias da CNI

Em 2023, a indústria paulista registrou uma queda de 1,5% em sua produção, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Deste modo, nos últimos cinco anos a indústria paulista, que é o principal parque do país, não cresce”, destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ao analisar os dados da pesquisa divulgados na sexta-feira (8).

O parque industrial paulista corresponde a cerca de 33% da produção industrial nacional. O Iedi destaca que “entre 2019 e 2023, variação positiva só mesmo em 2021 (+4,8%), em função da base deprimida pela pandemia e ainda assim sem compensar o recuo de 2020 (-6,0%). Em 2019 e 2022 ficou em estagnação (0% e +0,2%, respectivamente) e em 2023 voltou ao vermelho”.

A entidade também afirma que a estagnação da indústria brasileira foi acompanhada pelos recuos nos parques industriais regionais mais diversificados do país. Um “perfil coerente com o resultado negativo da indústria de transformação total do país em 2023 (-1,0% ante 2022)”, ressalta o Iedi.

Além de São Paulo, o caso mais grave de queda constatada foi no Rio Grande do Sul (-4,7%), além do agregado do Nordeste, com -3,5%, um resultado puxado pelos estados do Ceará (-4,9%), Maranhão (-4,5%) e Bahia (-1,8%). As produções de Santa Catarina (-1,3%) e Mato Grosso do Sul (-0,7%) também mostraram resultados negativos no índice acumulado no ano.

No 4º trimestre de 2023, também destaca o Iedi, “61% dos ramos da indústria paulista perderam produção, notadamente equipamentos de informática e comunicação (-21,1%), veículos automotores (-14,3%), e máquinas e equipamentos (-8,1%), ou seja, ramos de maior intensidade tecnológica”.

“Na indústria gaúcha, 64% de seus ramos ficaram no vermelho no último trimestre do ano passado, tendo entre suas quedas mais agudas as de papel e celulose (-24,2%), máquinas e equipamentos (-15,3%) e metalurgia (-14,6%), além de veículos automotores (-7,2%) e de alimentos (-6,5%)”, ressaltou o instituto.

Em linhas gerais, a produção industrial brasileira ficou praticamente paralisada em 2023, ao variar em alta de apenas 0,2% na comparação com o ano anterior (-0,7%). O resultado só foi possível  pelo comportamento do setor extrativo, que registrou alta de 7,0% no ano passado. Do contrário, o indicador geral teria caído, já que a produção da indústria de transformação, responsável  por cerca de 85% da indústria brasileira, recuou 1,0% frente a 2022, após cair 0,4%.

No ano passado, 64% dos ramos industriais apresentaram recuo em suas produções, “sobretudo eletrônicos e informática (-11%), máquinas e equipamentos mecânicos (-7,2%), elétricos (-10,1%) e veículos (-7,1%)”.

O Iedi avalia que a estagnação da indústria brasileira no ano passado é “bastante desfavorável, dada a gravidade das perdas acumuladas nas crises de 2014-2016 e da Covid-19”. A entidade também avalia que o setor não consegue  evoluir por conta do elevado nível de taxas de juros, que ainda persiste no país.

Por categoria de produção, os  principais resultados ruins da indústria no ano passado ficaram para as produções de bens de capital  e intermediários, que são mais sensíveis ao ambiente do crédito – que está atrelado a política de juros altos do Banco Central (BC).

Com a taxa de juros básica (Selic) do BC acima dos dois dígitos – esteve em 13,75% por 12 meses até agosto de 2023, terminando o ano passado em 11,75% – a produção de bens de Capital “justamente a parcela da indústria diretamente associada ao investimento e à modernização do conjunto das atividades econômicas”, como destaca o Iedi, encerrou o ano em recuo de -11,1%. “Sendo que o 4º trimestre de 2023 não trouxe nenhum arrefecimento: -13,4% ante o 4º trim/22”.

Já  “a produção de Bens intermediários, que representam o núcleo duro da indústria, produzindo insumos para as demais atividades, também mal saiu do lugar e pouco anulou a queda do ano anterior: +0,4% em 2023 e -0,7% em 2022”, ressaltou o Iedi.

Fonte: Página 8