População em situação de rua cresce 17 vezes na cidade de São Paulo
Pesquisa divulgada nesta semana dá uma amostra de como o abandono do poder público municipal impacta diretamente na vida de milhares de brasileiros em situação vulnerável. Em 2023, a população em situação de rua na cidade de São Paulo era 17 vezes maior do que o aferido em 2012, passando de 3.842 naquele ano para 64.818.
Apesar dessa situação dramática, a prefeitura de Ricardo Nunes (MDB) perdeu, no ano passado, cerca de R$ 7 milhões em repasses do governo federal por deixar de atualizar devidamente a base de dados.
As informações foram levantadas pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, do Polo de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo como base os beneficiários vinculados ao Cadastro Único (CadÚnico), sob o comando do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
O raio-x feito pelo Observatório aponta que o número atual é mais do que o dobro das 31.884 pessoas estimadas no mais recente censo, aplicado em 2021 e divulgado em janeiro de 2022 pela prefeitura.
Ainda assim, a diferença entre a estimativa oficial e os dados reais pode ser ainda maior, uma vez que São Paulo é a capital com pior atualização cadastral — o estudo aponta que cerca de 25% dos cadastros não estavam atualizados.
Em relação à situação nacional, considerando que a estimativa é de que o Brasil tenha mais de 261 mil pessoas nessas condições, a capital paulista abriga uma a cada quatro delas. Em todo estado de São Paulo, havia 5.257 cidadãos nessa situação, número que saltou para 106.857 em 2023.
Para além dos efeitos da pandemia e da crise econômica que atingiu o Brasil entre 2016 e 2022, a falta de cuidado e atenção dos gestores locais contribui diretamente para a piora desse quadro.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP), pré-candidato à prefeitura de São Paulo, destacou que a cidade vive uma “crise humanitária” e que a “a população em situação de rua não para de crescer. Eram cerca de 31 mil em 2017, e no fim de 2023 o número já passava de 64 mil, segundo pesquisa da UFMG”.
Por outro lado, diz, “não há nenhum sinal de política pública municipal eficaz para essas pessoas que também são cidadãs, ainda que a gestão Nunes opte por ignorar sua humanidade e a cidadania”.
Com agências
(PL)