Em declaração em entrevista a uma revista católica, o Papa Francisco reacendeu o debate sobre as bênçãos aos casais do mesmo sexo, criticando aqueles que se opõem a essa medida. O Sumo Pontífice destacou a hipocrisia presente nas críticas à sua decisão de permitir que os sacerdotes realizem essa prática, contrastando-a com a aceitação de outras práticas consideradas pecaminosas pela Igreja.

Ele ressaltou que “os pecados mais graves são aqueles que se disfarçam com uma aparência mais ‘angelical’. Francisco ressaltou que ninguém parece chocado quando ele abençoa um empresário que explora pessoas, classificando tal ação como um pecado gravíssimo. No entanto, ele observou que as críticas surgem quando a bênção é direcionada a casais homossexuais, caracterizando essa atitude como hipocrisia.

A revista italiana Credere publicou trechos da entrevista com o Sumo Pontífice, um dia antes de sua publicação integral. “Ninguém fica chocado se eu dou a minha bênção a um empresário que explora pessoas, o que é um pecado gravíssimo. “Mas eles ficam chocados se eu a dou a um homossexual”, Francisco declarou: “Isso é hipocrisia”.

Francisco refere-se ao documento Fiducia Supplicans , publicado pelo Vaticano em dezembro, que endossa a bênção de pessoas chamadas “irregulares” do ponto de vista canônico, como homossexuais ou divorciados.

O Papa enfatizou seu compromisso em acolher todas as pessoas, incluindo a comunidade LGBTQ+, reafirmando que a bênção não deve ser negada a ninguém. Ele reiterou sua postura de promover uma Igreja Católica mais inclusiva e menos crítica, uma missão que tem sido central em seu pontificado.

Apesar da resistência significativa dentro da própria Igreja, especialmente entre os setores conservadores, o Papa Francisco defendeu a medida das bênçãos aos casais homossexuais, conhecida como Fiducia Supplicans, em várias ocasiões. Ele esclareceu que as bênçãos não equivalem a uma aprovação formal das uniões entre pessoas do mesmo sexo, mas sim à benção das pessoas que a solicitam.

“Quando um casal se apresenta espontaneamente para solicitá-los, não é a união que é abençoada, mas simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram. Não a união, mas as pessoas”, esclareceu em 26 de janeiro. O papa disse que a “perfeição moral” não é um requisito para receber uma bênção

“A ninguém deve ser negada a bênção. “Todos, todos, todos”, disse o Sumo Pontífice, repetindo um lema de três palavras que usou em agosto, durante um festival da juventude católica em Portugal. Francisco, que no início do seu pontificado pronunciou a famosa frase “quem sou eu para julgar?” quando questionado sobre a homossexualidade, ele fez da promoção de uma Igreja Católica mais acolhedora e menos crítica uma de suas missões.

A histórica abertura do Papa Francisco à bênção de casais do mesmo sexo ou em situação “irregular” como os divorciados recasados, tem sido saudada por muitas conferências episcopais do mundo, mas a ala mais conservadora descreve-a como “blasfêmia”. Outros bispos, como os africanos e da Europa Oriental, continuam a mostrar a sua rejeição, em países onde a homossexualidade é severamente punida, até mesmo com pena de morte.

No entanto, Francisco reiterou sua esperança de que os críticos possam compreender suas razões, mesmo reconhecendo as dificuldades especiais enfrentadas pelos bispos africanos diante dessa questão.

Outra posição disruptora, é que o Papa destaca a importância de abrir o trabalho na Cúria às mulheres. “Na Cúria Romana existem agora várias mulheres porque desempenham certas funções melhor do que nós, homens”, disse Francisco.

Enquanto o debate continua dentro e fora da Igreja Católica, o Papa Francisco permanece firme em sua defesa das bênçãos aos casais homossexuais, reforçando seu compromisso com uma abordagem mais inclusiva e compassiva em relação à comunidade LGBTQ+.

(por Cezar Xavier)