A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, retornou ao Partido dos Trabalhadores (PT) e manifestou seu apoio à pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSol) à prefeitura da cidade. O evento nesta noite de sexta-feira (2) reuniu lideranças políticas, parlamentares, ministros e militantes.

A filiação de Marta marca o início da pré-candidatura da chapa encabeçada pelo deputado federal Guilherme Boulos à prefeitura da capital paulista. Marta deve ser candidata a vice-prefeita na chapa apoiada por PT, PCdoB e PV, partidos que compõem a Federação Brasil da Esperança, além de PDT e Rede. O retorno e sua candidatura a vice ganha ainda mais importância porque ela deixou cargo que ocupava na prefeitura de São Paulo e, consequentemente, de apoiar o atual prefeito Ricardo Nunes que concorre à reeleição.

Membros dos partidos que podem vir a compor a coligação projetam que a presença da ex-prefeita no palanque do candidato do campo progressista garante um crescimento expressivo na largada da corrida eleitoral, sobretudo nas camadas populares. O nome de Marta é bem recebido entre as direções partidárias, que listam uma série de qualidades da ex-prefeita. Para eles, ela é querida e conhecida no eleitorado da periferia, além de agregar sua experiência administrativa ao pré-candidato Boulos.

Além do presidente Lula e do pré-candidato à prefeitura, Guilherme Boulos, discursaram o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Marta falou de sua emoção em estar de volta, mas ressaltou a importância da resistência democrática na disputa que se avizinha.

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A ex-prefeita destacou a importância da militância petista em sua trajetória política e agradeceu pela acolhida calorosa e enfatizou o compromisso com a defesa da democracia e a necessidade de fazer de São Paulo um bastião de resistência democrática.

“Eu estou de volta para caminharmos juntos, manter o nosso espírito de luta na defesa da democracia como instrumento de composição das diferenças, da pluralidade e respeito às liberdades democráticas, hoje tão ameaçadas pelo crescimento da direita autoritária em nosso país. Também para fazermos de nossa cidade o refúgio da lucidez, o marco zero do respeito à reserva da dignidade”, sublinhou ela.

Para Marta, São Paulo precisa de um governo que pense a cidade com sua diversidade econômica, social, mas sempre com um olhar atento para os mais excluídos. E defendeu a união de amplos setores para governar a capital do maior estado do Brasil. “É a hora de promovermos a união dos mais amplos e diferentes setores democráticos e populares na nossa cidade e em todo o Brasil. (…) Tem que ser com grandeza, tem que ser com desprendimento, tem que ser com farol alto, de forma altiva, generosa, na dimensão e tamanho da nossa cidade, tamanho do Brasil”, enfatizou ela.

Marta Suplicy expressou sua confiança na liderança de Guilherme Boulos. Manifestou solidariedade e disposição para contribuir com a campanha e reforçou a importância de vencer o bolsonarismo em 2022.

A gestão da ex-prefeita é bem avaliada na periferia de São Paulo, onde seu governo promoveu mudanças estruturais no transporte público, na educação e na organização da municipalidade. Ela criou o Bilhete Único, redesenhou o transporte público na cidade e criou corredores de ônibus, mudanças que permitiram o acesso da população ao trabalho e lazer.

Marta também foi responsável pela criação dos CEUs (Centro Educacional Unificado), uma escola que oferece equipamentos urbanos públicos dedicados à educação infantil e fundamental combinando com práticas esportivas, recreativas e culturais cotidianas.

Unir forças por São Paulo

Em um vibrante discurso na casa de Portugal, o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP), expressou entusiasmo e determinação para enfrentar os desafios e conquistar a vitória na capital paulista, destacando a importância da união de forças para resgatar a cidade e enfrentar o autoritarismo.

Boulos enfatizou a missão de derrotar o bolsonarismo em São Paulo e construir uma frente ampla pela democracia. Criticou a gestão atual da cidade, destacando o aumento da população em situação de rua, a expansão da Cracolândia e a crise na segurança e saúde pública.

“O nosso desafio hoje em São Paulo é construir uma frente ampla pela democracia e pelo resgate da nossa cidade. Nós queremos e nós vamos ganhar essa eleição em São Paulo, que esse dinheiro seja investido nas periferias, com corredores de ônibus, com novas UBS, com UPAs, com urbanização e regularização fundiária”, afirmou.

o pré-candidato reforçou a importância de dialogar com toda a cidade, sem abrir mão dos princípios progressistas. Expressou o compromisso de trazer programas federais para São Paulo, como o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos, e finalizou o discurso enfatizando a vontade de trabalhar ao lado de Marta Suplicy para mudar a realidade da cidade.

Legado progressista

O ex-prefeito de São Paulo e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância histórica e a necessidade de eleger a chapa PSOL-PT na cidade e ressaltou a relevância de gestões progressistas para o desenvolvimento da capital paulista.

Relembrando sua trajetória desde os tempos de professor universitário até o início da experiência na gestão pública, Haddad destacou o convite recebido das mãos do então secretário de Finanças, João Sayad, durante a gestão da prefeita Marta Suplicy. Essa fase, segundo o ex-prefeito, tinha como objetivo recuperar a cidade após um período desafiador.

“Eu não sei se todo mundo se lembra do que foi isso, mas essa quadra da vida municipal foi muito difícil para nós herdarmos da gestão uma situação absolutamente caótica”, disse Haddad, comparando o desafio após a gestão de Celso Pitta com a situação que o presidente Lula enfrentou após o governo Bolsonaro.

O ex-prefeito enfatizou a importância de gestões progressistas para São Paulo, lembrando dos avanços conquistados em áreas como saúde, transporte, educação e cultura durante os mandatos de Luísa Erundina, Marta Suplicy e o seu próprio. Destacou a criação de hospitais, o bilhete único, corredores e faixas de ônibus, ciclovias, praças com Wi-Fi, cinemas públicos na periferia e o carnaval de rua.

“Nós só tivemos três mandatos na Prefeitura de São Paulo. Foram apenas doze anos, que a população paulistana, quando puxar pela memória, vai lembrar de alguma coisa que aconteceu nesses 12 anos de governos progressistas na cidade de São Paulo”, ressaltou.

Gleisi Hoffmann: início da caminhada vitoriosa

A deputada federal Gleisi Hoffmann destacou a importância histórica desse ato, ressaltando que São Paulo é a principal disputa do país nestas eleições, dada sua dimensão econômica, política e influência no Brasil.

“Esse ato é o início dessa vitória que nos dá força e nos dá energia. Ganhar São Paulo é também ganhar no Brasil. E hoje nós estamos aqui para falar de futuro, não do presente, mas da perspectiva do futuro e da construção que nós temos que fazer”, afirmou.

A parlamentar destacou a experiência de Marta Suplicy como ex-prefeita, reconhecendo suas contribuições para políticas progressistas, como o bilhete único, corredores de ônibus, transporte escolar gratuito, entre outros. “A sua gestão foi uma das que mais fez pela periferia, pelo povo, pelo povo pobre, pelos trabalhadores. São marcas de seu governo, são as políticas do nosso partido.”

Ao recepcionar Marta Suplicy de volta ao PT, Gleisi ressaltou a importância histórica de lutar contra a extrema-direita, destacando o compromisso do campo progressista em evitar retrocessos no Brasil. Ela encorajou a união dos partidos PT, PSOL, Rede, PDT, PV, PCdoB e a construção de uma frente ampla para enfrentar a polarização política.

Ela também destacou o caráter feminista da pré-candidatura de Marta Suplicy. “A Marta, além dessa prefeita brilhante que foi, tem história e tem um compromisso com a luta das mulheres. Foi uma das precursoras na organização do movimento feminista. (…) Então essa representatividade da luta das mulheres, da luta feminista, no nosso país e nessa cidade, vai estar representada na chapa que você vai compor com Guilherme Boulos”, ressaltou.

(por Cezar Xavier)