Foto: José Cruz/Agência Brasil

O lucro líquido dos quatro maiores bancos privados no Brasil – Itaú Unibanco, Bradesco, espanhol Santander e BTG Pactual, foi de R$ 67,1 bilhões no ano passado. Em 2022, juntos eles haviam somado 74,1 bilhões, sendo recorde nominal do levantamento que é realizado pelo consultor de dados financeiros Einar Rivero, da Elos Ayta, com base em dados disponíveis pela plataforma “Com Dinheiro”, segundo divulgou o g1.

Os bancos privados obtiveram mais um ano de alta lucratividade em meio à restrição dos investimentos e desestímulo ao consumo no país, que são consequências da taxa de juros da economia (Selic) do Banco Central (BC), que está acima dos dois dígitos desde 3 de fevereiro de 2022, quando saiu dos 9,25% para 10,75% ao ano.

Em agosto de 2022, a Selic chegou a 13,75% ao ano – ficando  assim, no seu nível mais alto desde 2017, até a primeira semana de agosto de 2023. De lá para cá, após cinco cortes, de meio ponto percentual em cada reunião do Copom, a Selic se encontra hoje em 11,25% ao ano, mantendo o Brasil campeão mundial de juros reais (descontada a inflação).

Para se ter uma ideia, o que somente os quatro bancos juntos lucraram nos últimos dois anos corresponde a quase metade, ou sendo mais exato, 45,06% do aporte de R$ 300 bilhões que o governo federal colocou à disposição da indústria, que vem sendo fortemente prejudicada pelo arrocho monetário do Banco Central.

LUCRO CONSOLIDADO DOS 4 MAIORES BANCOS PRIVADOS NO BRASIL

Itaú Unibanco (R$ 33,8 bilhões)

BTG Pactual (R$ 9,9 bilhões)

Bradesco (R$ 14,5 bilhões)

Santander (R$ 8,8 bilhões)

O valor anual de R$ 75 bilhões do plano “Nova indústria” (2023-2026) é praticamente próximo à soma que os quatro bancos (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e BTG Pactual) lucraram juntos em 2023.

Frente à desaceleração da economia, com uma queda brutal dos investimentos em máquinas e equipamentos, a indústria de transformação, que é responsável por cerca de 85% da indústria brasileira, caiu -1,0% frente a 2022, quando já havia recuado -0,4%, segundo dados do IBGE.

Pela ótica da indústria como um todo, a produção industrial ficou estagnada no ano passado, ao variar em alta de apenas 0,2% em relação a 2022, após cair -0,7%. A paralisia da indústria veio acompanhada de 64% dos ramos industriais apresentando recuos em suas produções, na sua maioria segmentos de maior intensidade tecnológica, como destaca o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

“No acumulado de 2023, enquanto o ramo extrativo avançou 7%, a indústria de transformação acumulou perda de -1,0%, isto é, mais intensa do que a de 2022 (-0,4%)”, afirmou o IEDI.

“O pior resultado coube a bens de capital, isto é, justamente a parcela da indústria diretamente associada ao investimento e à modernização do conjunto das atividades econômicas. Sua variação foi de -11,1% em janeiro-dezembro de 2023, sendo que o 4º trimestre de 2023 não trouxe nenhum arrefecimento: -13,4% ante o 4º trim/22”, observou o Instituto, que avalia que a indústria teve mais um ano sem evolução frente ao elevado nível de taxas de juros que ainda persiste no país.

Fonte: Página 8