Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Coletiva de imprensa. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Neste domingo (18), em Adis Abeba, capital da Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço de sua viagem pela África e reafirmou a importância da parceria entre o Brasil e a América Latina com o continente. Antes de retornar ao Brasil, Lula teve encontros com chefes de Estado locais. 

“Para mim, essa é uma das viagens mais importantes que eu fiz e certamente de todas que eu farei, essa continua sendo uma reunião extremamente importante, porque eu pude falar para quase a totalidade dos países africanos de uma única vez”, avaliou o presidente. 

Lula também defendeu uma forte aliança entre os países da América Latina e da África em torno da agenda de transição energética e apontou a agricultura saudável como um dos eixos prioritários para alianças entre as duas regiões. 

“Quando nós falamos de transição energética, quando nós falamos de agricultura e baixo carbono, a gente olha o mapa do mundo e a gente vê dois espaços extraordinários. Um é no continente latino-americano e outro é no continente africano, com a quantidade exuberante e milhões de hectares de terras a serem exploradas para a gente produzir”, destacou o presidente.

Pelas redes sociais, salientou: “Eu gostaria que o Brasil tivesse claro que precisamos ter uma relação central com o continente africano. Não só porque a Africa faz parte da nossa cultura e das nossas raízes, mas porque é um espaço extraordinário de futuro para o mundo”. 

O presidente também disse estar “convencido que os pobres são a solução do mundo contemporâneo. É só dar ao povo as oportunidades para a gente perceber a sociedade de classe média que podemos construir. Uma sociedade sem guerras, sem xenofobia e sem desinformação. Um mundo que ainda não existe, mas queremos construir”. 

Apoio à Palestina

Na Etiópia, Lula participou, neste sábado (17), da da abertura da 37ª Cúpula da União Africana do Brasil e teve reuniões com chefes de Estados e autoridades locais. 

Um desses encontros foi com primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. Ele agradeceu o apoio e a solidariedade do Brasil e do presidente Lula ao povo palestino, reforçou a necessidade de um cessar-fogo imediato e a abertura para a entrada de ajuda humanitária. 

Lula condenou os ataques do Hamas contra civis israelenses, indicou concordância com a necessidade do cessar-fogo e reiterou o compromisso do governo brasileiro com a solução de dois Estados — com um Estado palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.

A reunião com o premiê da Autoridade Palestina ocorre dois dias após Lula prometer ajuda financeira extra à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, da sigla em inglês). Para o presidente brasileiro, a decisão de países alinhados a Israel de cortar o financiamento pode ter consequências humanitárias graves. Na quinta-feira (15), durante sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes no Cairo (Egito), Lula anunciou que o Brasil seguirá apoiando a entidade.

Diálogo

O presidente Lula também se encontrou, neste domingo (18), com o o presidente da República do Quênia, William Ruto. Na ocasião, Lula convidou Ruto a visitar o Brasil com uma delegação de empresários, no intuito de ampliar o comércio entre os países, ainda pequeno em relação a outros países do continente africano. 

No ano passado, o intercâmbio comercial entre Brasil e Quênia foi de US$ 128,1 milhões, com superávit brasileiro de US$ 124,7 milhões. O presidente brasileiro comentou sobre o potencial africano em ampliar sua produção de alimentos e de energia limpa.

Em mais um encontro bilateral ocorrido hoje, Lula esteve com o presidente da República Federal da Nigéria, Bola Tinubu. O presidente nigeriano disse querer “energizar” o relacionamento entre os dois países, a partir do interesse renovado em construir parcerias com o Brasil e avançar na área da agricultura.

A parceria comercial entre Nigéria e Brasil alcançou em 2023 a faixa de US$ 1,73 bilhão (sendo US$ 757 milhões em produtos importados pelo Brasil e US$ 976 milhões em produtos brasileiros exportados). Já foi muito maior. Para Lula, “não tem explicação” o fato de Brasil e Nigéria, que já registraram um fluxo comercial de US$ 10 bilhões, atualmente só alcancem US$ 1,73 bilhão.

Em sua última agenda na Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente do Conselho Presidencial da Líbia, Mohamed al-Menfi, que demandou a reabertura da embaixada brasileira na Líbia, pedido que será analisado pelo governo brasileiro. O Brasil instalou a Embaixada em Trípoli em 1974 e, ao longo da década de 1970, o relacionamento se concentrou na área econômica.

Lula retorna hoje ao Brasil. Sua chegada a Brasília está prevista para às 22h55. 

(PL)