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A presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, apontou que a retomada da política industrial brasileira como instrumento fundamental para o desenvolvimento do país.

“Uma nova agenda de industrialização e o PAC são dois grandes eixos de retomada que nós precisamos intervir de maneira a colocar o nosso DNA. Tanto o PAC, como a nova agenda de industrialização são centrais para o êxito do nosso programa porque ele vai ao encontro do nosso projeto nacional de desenvolvimento”, disse a líder comunista durante o Encontro Nacional da Juventude Pátria Livre (JPL).

Realizado em entre os dias 29 e 31 de janeiro, na cidade de Nazaré Paulista, o Encontro Nacional da JPL reuniu lideranças de 10 estados brasileiros que, ao longo dos dias, puderam debater os principais eixos para a reconstrução do país.   

Luciana apresentou um panorama das lutas que estão em curso no país neste período de reconstrução nacional após os anos de ascensão da extrema-direita e do governo Bolsonaro. Para a comunista, “os desafios brasileiros não são pequenos pela dimensão continental do país e por a gente ter ao longo da nossa história tem retardado muito dos movimentos na direção de uma nação cada vez mais autônoma”. 

A ministra alertou que, para garantir o desenvolvimento do país, é preciso combater os entraves à nossa economia, como os juros altos praticados pelo Banco Central a desindustrialização e o déficit zero, que é inclusive defendido dentro do governo.

“Podemos dizer que esse período recente dos quatro anos sob a liderança da extrema direita do Brasil houve mudanças muito estruturantes na superestrutura e infraestrutura do estado brasileiro. Nós assistimos privatizações de patrimônios importantes que são indutores da economia e nós assistimos um retrocesso em alguns mecanismos como, por exemplo, autonomia do Banco Central, a Reforma Sindical, quando se retirou direitos dos trabalhadores, fora o imposto sindical… Retrocessos estruturais que você, mesmo nas eleições, você não consegue rapidamente alterar como foi a privatização da Eletrobrás”, ressaltou. 

A ministra alertou para a reação do rentismo que é contrário à reindustrialização do país. “Eles querem que nós continuemos numa grande fazenda mundial e que possa atender os interesses externos e a grande elite econômica brasileira que não tem nenhum compromisso com o projeto de nação”.

Luciana criticou ainda os “parâmetros macroeconômicos” defendidos por setores do governo e que impedem que a economia dê certo, em especial o déficit zero. “Se for praticar isso [déficit zero] não haverá retomada. Você vai inclusive reduzir os investimentos”. 

Segundo a ministra, o presidente Lula dá sinais de vai alterar esta visão do governo. 

“São questões que nós temos que botar o olho porque essa é nossa pauta. Essa é nossa obrigação como protagonistas de um processo de mudança que é necessário pro país”, ressaltou.

Em sua fala, Luciana relembrou da dedicação do vice-presidente do PCdoB, Sérgio Rubens, para a formação da juventude e na construção de uma frente unitária de ação. Sérgio, que foi fundador do Partido Pátria Livre e conduziu o processo de unificação do partido com o PCdoB, faleceu em 2021.

“Fico feliz e honrada de estar aqui nesse encontro nacional. Principalmente após o falecimento desse grande brasileiro Sérgio Rubens, uma figura que eu aprendi não só admirar, que eu já admirava pela sua história de ousadia e combatividade, e que pude conhecer de perto um homem culto, simples e sábio. Porque os verdadeiros sábios são aqueles que sempre acham que precisam aprender mais. E por isso mesmo que ele era aquela generosidade em pessoa. Porque ele estava sempre encarando o conhecimento como algo dialético. E por isso mesmo que ele cultivava a cultura e a relação direta com a juventude. Porque é essa relação permanente de busca da vivência da realidade na ponta com a capacidade teórica, e a bagagem teórica que o Sérgio Rubens representava”.

Ela relembrou o papel de Sérgio no processo de unificação das correntes de pensamento marxista-leninista no Brasil. “Posso dizer que ele foi muito decisivo para que a nossa corrente de pensamento no Brasil, afinal nós somos todos berços da mesma corrente do pensamento que é do marxismo-leninismo. O antigo MR8 e o PPL eles sempre se apresentaram como uma corrente de opinião que procurava buscar os caminhos da emancipação nacional pela base teórica do marxismo. Então quando se tem circunstâncias dessa natureza o processo de enlace, de entendimento no plano da política, ele se deu de maneira mais fácil”. 

Luciana destacou ainda a questão da soberania nacional como cerne da ação política do PCdoB e da JPL. “Eu acho que o fato da Juventude Pátria Livre ter como cerne da sua ação, já no seu próprio nome, a questão da soberania, da autonomia, é algo contemporâneo e necessário”.

“Vocês sabem bem que, do ponto de vista da agenda e da pauta de lutas do movimento comunista internacional, foi sem foi sem dúvida nenhuma o papel de Ho Chi Min e de Mao Tsé-Tung que colocou na pauta do movimento comunista internacional a contradição colonialismo como um dos aspectos vitais para qualquer projeto nacional. Eles foram muito decisivos porque afinal para o movimento comunista internacional a contradição trabalho-capital é uma dimensão da luta pelo socialismo e que essa luta nacional cada vez mais representa a autonomia e soberania como sendo algo estratégico e central pra qualquer perspectiva de salto civilizacional que o mundo e o Brasil precisa”.

“Esse esforço vai ao encontro inclusive do nosso programa. Um programa que nós precisamos atualizar porque muitas mudanças ocorreram desde o outro programa para que a gente possa ajustar o novo patamar do projeto nacional de desenvolvimento e e nós não temos dúvida que isso necessariamente se dá por uma nova base industrial brasileira”. 

Luciana fez um chamado aos integrantes da JPL a fortalecer o partido. “O PCdoB precisa ter força para poder influenciar mais nos rumos do país”. “Temos ai o nosso Guilherme [vereador do PCdoB de Araraquara]. A turma tem que jogar pesado aí para reconduzir nosso vereador de Araraquara, assim como fortalecer a candidatura do Cláudio [Fonseca] em São Paulo”.  

“Eu quero falar por fim da importância dessa unidade de ação e luta com a União da Juventude Socialista, a UJS. As nossas convergências cada vez maiores no nosso programa, da ação da juventude brasileira sustentada no marxismo-leninismo, como Sérgio Rubens sempre compreendeu como um pilar teórico da nossa ação.

Fico feliz de saber que vocês decidiram fazer uma homenagem justa a esse a esse grande brasileiro que é Sérgio Rubens o escolhendo como patrono da JPL, para ele se somar a esse panteão junto ao Antônio Alves e Stuart Angel, que foi barbaramente assassinado na ditadura militar. São os nossos heróis, do povo brasileiro e a JPL faz jus a isso. 

Fonte: Página 8