Paciente retirado do Hospital Nasser chega a Rafah | Foto: Saudi Gazette

Já faleceram pelo menos oito pacientes até a sexta-feira (16), depois que as forças israelenses invadiram o Hospital Nasser, o maior centro médico que ainda funciona na Faixa de Gaza, situado na cidade de Khan Younis, na quinta-feira (15), depois de sitiar as instalações durante dias.

Já na sexta pela manhã autoridades locais estavam denunciando que, devido à invasão houve um dano que deixou fora de funcionamento os geradores.

Pacientes em UTI que estavam com respiradores ficaram sem oxigênio, assim como bebês prematuros. Esta foi a causa das mortes.

Outra testemunha do tiroteio, que é ortopedista no hospital, afirmou que pelo menos duas pessoas foram mortas por atiradores de elite antes da invasão por terra.

Ashraf Al-Qidra, cirurgião porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, assinalou: “A ocupação israelense invadiu o Complexo Médico Nasser e o transformou em um quartel militar depois de demolir o muro sul e entrar por ele”.

Escavadeiras militares israelenses estão furando valas comuns que foram feitas dentro dos muros do complexo, descreveu o Dr. Al-Qidra.

“Os tanques e os atiradores cercam o hospital de todas as direções”, disse o porta-voz em uma mensagem de voz na quarta-feira (14). O bombardeio se intensificou após o alerta do cirurgião.

Mais de 1.500 pessoas deslocadas ainda estão dentro das instalações, incluindo pelo menos 273 pacientes e 190 profissionais médicos, segundo o Ministério da Saúde em Gaza. Há três crianças na creche, acrescentou.

A Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para Refugiados da Palestina (UNRWA) declarou, na sexta-feira (16), que 84% das instalações de saúde na Faixa de Gaza foram afetadas devido à agressão israelense no território.

A invasão do hospital Nasser (cujo nome homenageia um dos maiores líderes árabes, Gamal Abdel Nasser), não é a primeira ação criminosa contra hospitais. Além do bombardeio que matou cerca de 500 no hospital Al Ahli, a invasão ao hospital Al Shifa foi outra brutalidade dos invasores. No caso do Al Shifa, médicos e diretores foram submetidos a interrogatório.

Nos dois hospitais invadidos, pessoal médico e pacientes foram obrigados a deixar, assim como palestinos deslocados que buscavam abrigos tiveram que sair.

Na saída pacientes e deslocados passaram por vistorias de militares israelenses, em muitos casos passando por humilhações tendo inclusive que tirar a roupa.

SEM ÁGUA, COMIDA E ENERGIA

“Não há água, não há alimentos. O lixo está por toda parte, esgoto transbordou e está no piso da ala de emergência”, descreveu Raed Abed, um paciente ferido que esteve entre os que deixaram o Hospital Nasser sob a intensa pressão, na quarta-feira, como pôde apurar o jornal israelense Haaretz.

Ainda sofrendo de uma intensa dor de estômago devido a uma ferida, Abed que, de início chegou a desmaiar assim que saiu da cama na tentativa de escapar do cerco e invasão do hospital.  

Já tendo voltado a si e andado com dificuldade até o lado de fora do hospital, teve que esperar por horas pois os soldados forçaram aqueles que saiam do prédio a passar por uma barreira, “cinco de cada vez”. “Alguns eram feitos prisioneiros”, acrescentou.

Finalmente, Abed andou por quilômetros até chegar às imediações de Rafah de onde foi levado a um hospital.

Ele relatou estes fatos deitado em uma cama e ainda indicando fortes dores enquanto falava.

Além disso, os relatórios indicam que duas mulheres foram forçadas a dar à luz em condições desumanas, sem eletricidade, água, comida ou aquecimento no hospital.

As fontes revelaram que o esgotamento iminente do combustível e o bloqueio israelense representam uma ameaça às vidas dos pacientes e das crianças vulneráveis ​​no complexo. A administração do hospital instou todas as instituições internacionais a intervir rapidamente e a resgatar os que se encontram no complexo médico.

As forças de ocupação coagiram a administração do Complexo Médico Nasser a realocar 95 profissionais de saúde, 11 famílias, 191 pacientes e 165 acompanhantes para um antigo edifício, sujeitando-os a condições duras e assustadoras.

A destruição da cidade de Khan Younis devido à campanha militar de Israel é generalizada, com muitos edifícios completamente destruídos e os escombros demolidos, testemunhou a CNN.

AJUDA BLOQUEADA POR ISRAEL

“Nas últimas 24 horas, a ocupação cometeu 10 massacres contra famílias na Faixa de Gaza que deixaram 112 mortos e 157 feridos”, informou o Ministério da Saúde.

Isto eleva o número de vítimas para 28.775 mortos e 68.552 feridos, a maioria crianças e mulheres, a que se somam os milhares de pessoas desaparecidas sob os escombros e outras partes do enclave às quais as ambulâncias não conseguem aceder desde o começo do conflito.

Desde o início de fevereiro, a ONU denunciou o bloqueio de ajuda no porto de Ashdod, onde, tal como na passagem terrestre de Kerem Shalom, militares se movimentaram para impedir a saída de caminhões com alimentos para Gaza, a 30 quilômetros de distância.

Segundo o Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, mais de mil contêineres, em grande parte de farinha, mas também contendo outros produtos alimentares, como óleo de cozinha, grão de bico, açúcar ou arroz, estão agora bloqueados no porto de Ashdod por Israel.

Fonte: Papiro