Apesar de informadas da rota, forças israelenses abriram fogo contra comboio com ajuda alimentar | Foto: OOPS

Um comboio humanitário da ONU que transportava ajuda alimentar foi atingido por bombas atiradas de força naval israelense. O caminhão atingido, da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), ia em direção ao norte da Faixa de Gaza nesta segunda-feira (5).

A direção da UNRWA condenou a agressão. Segundo o comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini, embora Israel tenha sido informada sobre todos os comboios de ajuda e coordene os seus movimentos com as autoridades, eles continuam sendo atacados.

Lazzarini reiterou que da mesma forma que os civis, as redes de transporte que lhes entregam ajuda humanitária devem ser protegidas, sob qualquer condição, em todos os momentos.

O diretor da UNRWA em Gaza, Tom White, informou que apesar da violência do ataque, como ficou visível pelas imagens que circulam nas redes sociais, ninguém resultou ferido.

O ativista do Bahrein, Nabeel Rajab, condenou o incidente, reitera que “Israel continua agindo como um estado pária ou acima do direito internacional, que faz exatamente o oposto do que o Tribunal Internacional de Justiça exigia”.

“Não podemos entregar ajuda humanitária sob ataque. O acesso humanitário seguro e sustentável é urgentemente necessário em todo lado, incluindo no norte de Gaza”, sublinhou a agência.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia declarado no domingo (4) que para seu regime, “a UNRWA não faz parte da solução, faz parte do problema”. “Está na hora de iniciar o processo de substituição da UNRWA por outros órgãos que não estejam contaminados pelo apoio ao terrorismo”, acrescentou.

Depois de uma denúncia israelense de que dos 13.000 funcionários da entidade (criada em 1949 pela Assembleia Geral da ONU para aliviar o sofrimento dos palestinos desalojados de seus lares pelo terror israelense), teria uma dezena de seus funcionários participado do ataque de 7 de outubro, os Estados Unidos cortaram a verba para a sustentação da UNRWA que é fonte de sobrevivência para a maior parte dos moradores da região.

A “denúncia” israelense veio logo depois da Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia, ter acatado a denúncia da África do Sul e iniciado o julgamento de Israel por crime de genocídio.

Uma retaliação, pois não é mera coincidência que exatamente a entidade da ONU que já vinha denunciando os crimes de guerra de Israel já ter sido alvo, em diversos de seus escritórios, de ataque israelense e assim ter perdido 150 de seus funcionários. As autoridades israelenses vinham dizendo que era preciso acabar com a presença da agência da ONU na região, também em uma clara demonstração de que no intuito genocida o governo israelense busca mergulhar a Faixa de Gaza em uma fome catastrófica. 

Fonte: Papiro