O Brasil entregou, nesta segunda-feira (12), um primeiro lote de alimentos para Cuba, em uma iniciativa para “promover a segurança alimentar e nutricional na América Latina”, um dos seus principais objetivos na presidência do G20.

O envio foi anunciado por meio de uma nota do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, especificando que a entrega incluía 125 toneladas de leite em pó. 

O diretor da Agência Brasileira de Cooperação, Embaixador Ruy Pereira, afirmou que “graças a essa operação, o Brasil, os Emirados Árabes Unidos e Cuba tornam pública a sua forte disposição de colaborar com segurança alimentar e nutricional da população cubana”. A medida faz parte das discussões sobre os impactos da mudança climática na agricultura.

Nos próximos lotes também estarão contidos arroz, milho e soja, e enviados nas semanas seguintes. No total, serão enviados U$50 milhões em alimentos vindos do Brasil. 

Emirados Árabes

O fornecimento de alimentos surgiu de uma parceria de cooperação entre o governo brasileiro, cubano e dos Emirados Árabes durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), realizada em dezembro passado, em Dubai. 

Assim, os Emirados Árabes Unidos “fornecerão apoio financeiro para aumentar a resiliência e a adaptabilidade dos sistemas alimentares e aumentarão os investimentos em projetos especializados na produção, distribuição e suporte de sistemas alimentares, que sejam nutritivos, saudáveis e sustentáveis”, informa a nota. 

“Essa iniciativa personifica os compromissos dos Emirados Árabes Unidos de enfrentar os desafios globais, especialmente aqueles relacionados às mudança do clima e à segurança alimentar, e enfatiza o compromisso do país com a sustentabilidade e a energia renovável”, declarou Reem Bint Ebrahim Al Hashimy, Ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, sobre o projeto.

Por fim, o comunicado do Itamaraty garantiu que esta é uma iniciativa que “fornece recursos para a produção, distribuição e suporte de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis” na região.

A agência de notícias dos Emirados wam também fez eco ao acordo tripartido que visa entregar ajuda alimentar no valor de 50 milhões de dólares, que será enviada do Brasil. O Ministro de Estado da Cooperação Internacional deste país, Reem Bint Ebrahim Al Hashimy, disse que será um contributo para salvaguardar o ambiente e limitar as repercussões das alterações climáticas que afetam os produtores.

Acrescentou que é um sinal do compromisso dos EAU em enfrentar os desafios globais, a sustentabilidade e as energias renováveis, bem como o reconhecimento da importância da ação coletiva.

A crise do leite em pó

Desde o período da pandemia, as notícias destacavam uma crise no fornecimento de leite em pó nos Estados Unidos. As notícias indicavam não só que havia escassez, mas que o pouco que havia estava disparando os preços e que vários países mostravam a sua solidariedade para com os EUA, preparando carregamentos de leite em pó. 

Cuba também tem problemas de abastecimento de leite em pó. O leite é um dos produtos mais limitados e só está disponível para crianças pequenas e pessoas doentes por causa do cartão de racionamento. A ilha compra a maior parte dos laticínios que consome, as importações são insuficientes para a população devido à falta de “financiamento, navios e fornecedores”.

Embora seja conhecida pela solidariedade em tragédias que ocorrem por todo o mundo, ao mobilizar todo o seu pessoal médico, não conta com a cooperação dos países europeus, devido ao bloqueio imposto pelos EUA. Para agravar a situação, a pandemia e passagem de furacões cada vez mais devastadores tornam o problema alimentar ainda mais urgente.

Desde então, organizações da sociedade civil, inclusive dos EUA, se mobilizam como podem para enviar alimentos para Cuba. Especialmente de grupos de lutam contra o bloqueio internacional, que enviaram leite em pó para escolas cubanas, hospitais pediátricos e para idosos.

A cooperação do Brasil e Emirados Árabes comparece como uma das mais consistentes iniciativas para aliviar a insegurança alimentar da ilha de forma mais sustentável.

(por Cezar Xavier)