Colegas e parentes lamentam morte do jornalista Abu Hatab | Foto: Mahmud Hams/AFP

O Comitê de Liberdade do Sindicato dos Jornalistas Palestinos publicou, na segunda-feira (5), um relatório denunciando que pelo menos 135 crimes, agressões e violações cometidas contra os meios de comunicação foram registrados em janeiro último na Faixa de Gaza.  O principal deles foi o assassinato de 14 jornalistas, incluindo oito que foram mortos por ataques diretos com mísseis e balas contra suas residências e outros quatro que foram mortos durante o trabalho.

O Comitê afirmou que 122 jornalistas e trabalhadores da mídia foram mortos na Faixa de Gaza desde o início da agressão israelense em 7 de outubro.

Os ataques israelenses a jornalistas, incluindo os ataques intencionais às suas casas e o assassinato das suas famílias, continuam em escala crescente mostrou o relatório, acrescentando que 12 casas habitadas foram alvejadas, o que levou ao assassinato de dezenas de familiares de jornalistas.

ATAQUES À IMPRENSA NA CISJORDÂNIA

As medidas criminosas da ocupação israelense contra os meios de comunicação na Cisjordânia foram também apresentadas, apontando que foram registrados 50 casos de ataques contra jornalistas, incluindo a detenção de equipes de imprensa, impedindo-os de fazer o seu trabalho e atacando-os com balas reais.

Quatro jornalistas que sofreram cortes e hematomas em ataques israelenses, casos de espancamentos, oito feridos por gás lacrimogêneo e bombas sonoras, sete casos de destruição e apreensão de equipamentos, pelo menos 26 incidentes em que jornalistas foram brutalmente feridos por balas e estilhaços de mísseis integram a lista de barbaridades cometidas na região.

O Sindicato palestino citou ainda a interrupção completa dos serviços de comunicação e Internet durante 14 dias no mês passado, como resultado do ataque direto israelense às torres de telecomunicações em Gaza. Além disso, vários técnicos foram mortos pela ocupação israelense enquanto tentavam reparar os danos, acrescentou.

Pelo menos 35 jornalistas permanecem atrás das grades israelenses em condições duras que lhes negam os direitos mais básicos dos prisioneiros consagrados nas leis e convenções internacionais, segundo o relatório.

O destino de vários jornalistas permanece desconhecido depois de terem perdido todo o contacto com eles em 7 de outubro.

RELATORES DA ONU CONDENAM ATAQUES A JORNALISTAS EM GAZA

“Estamos alarmados com o número extraordinariamente elevado de jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação que foram mortos, atacados, feridos e detidos no território palestino ocupado, particularmente em Gaza, nos últimos meses, em flagrante desrespeito ao direito internacional”, afirmaram Relatores de direitos humanos das Nações Unidas em Comunicado.

 “Os ferimentos e a detenção de jornalistas são uma estratégia deliberada das forças israelenses para obstruir os meios de comunicação e silenciar informações críticas”, acrescentaram os especialistas da ONU.

Segundo eles, estes ataques aos meios de comunicação em Gaza e as restrições ao acesso de outros jornalistas a Gaza, juntamente com graves interrupções na Internet, representam “obstáculos significativos ao direito à informação do povo de Gaza e do mundo exterior”.

Apelaram também ao Tribunal Internacional de Justiça e ao Tribunal Penal Internacional para prestarem atenção ao que consideram ser um “padrão perigoso de ataques e impunidade para crimes contra jornalistas”.

O Comunicado é assinado pelos relatores da ONU para a Palestina (Francesca Albanese), para a Liberdade de Opinião e Expressão (Irene Khan), para a Situação dos Defensores dos Direitos Humanos (Mary Lawlor), para as Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias (Moris Tidball-Binz ) e pelos Direitos e Liberdades na Luta contra o Terrorismo (Ben Saul).

Fonte: Papiro