O apoio da população aos governadores é crescente | Foto: Página 12

Cerca de duas semanas após o naufrágio legislativo do pacote de maldades, agressões a direitos e à soberania nacional embalado como “Lei Ônibus”, os governadores argentinos se manifestaram de forma unânime contra a decisão do presidente Javier Mieli de cortar diferentes transferências às províncias (Estados). Entre os subsídios duramente afetados encontram-se o transporte e o Fundo de Incentivo ao Professor (Fonid), que passariam a ser bancados em nível regional.

Conforme o jornal Página12, o grupo passou a ser destacado como “23 governadores e um chefe de governo”, expressando a primeira vez que todas as províncias concordaram com uma iniciativa de tal envergadura. Caso o governo central não cumpra com o estabelecido, a ameaça coletiva é retirar-se do sistema de coparticipação que repassa 42,34% de forma automática à Nação e 54,66% aos estados, passando a cobrar impostos nos municípios, buscando uma distribuição mais justa.

“Não tem sentido. Não tem com quem conversar, é um Estado paralisado”, avaliou um dos governadores, defendendo a necessidade de rejeitar o pacote neoliberal de medidas tão logo comecem as sessões ordinárias do legislativo. “Eles nos empurram para uma rebelião”, acrescentou.

O governador de Córdoba, Martin Llaryora, disse que apesar de tentar colaborar com o presidente para que o país prospere, para que isso acontecesse Milei teria que “ouvir, chegar a um consenso e ter atitudes que até hoje não teve”. O fato, repreendeu, é que “as decisões estão sendo tomadas sem escutar”.

Neste sentido, propôs a Milei “convocar os governadores para que possamos trabalhar juntos e fazer as reformas necessárias para uma Argentina melhor”, alertando a necessidade de “garantir emprego e atividade econômica”, caso contrário entraremos numa recessão nunca antes vista.

GOVERNADORES CONTRA O ATRASO

Nesta queda de braço pró-desenvolvimento, os governadores têm 13 pontos a mais de apoio do que Milei, conforme a pesquisa de Zuban Córdoba. 54% dos consultados acreditam que seu governador deve defender os interesses do Estado, ainda que isso implique em confrontar o presidente. Do outro lado, 41% creem que devem seguir apoiando Milei, mesmo que signifique abrir mão e perda de direitos para o Estado e seus habitantes. Os 5% restantes ainda não se posicionaram.

Na análise que antecede os dados, os autores destacam que tanto a população em geral como os parlamentares e os partidos estão “em estado de choque” com a brutalidade das medidas econômicas ordenadas pelo governo nacional.

Fonte: Papiro