Foto: Sindmar

O Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), no Centro do Rio de Janeiro, sediou na última quarta-feira (31) o Fórum pela Retomada da Indústria Naval, que reuniu diversas entidades do segmento, sindicatos de trabalhadores metalúrgicos, marítimos, petroleiros e construção naval, conselho regional de técnicos, além de representantes das centrais CUT e CTB.

O encontro debateu propostas e ações que incentivem a retomada do setor, com construção de navios pela Petrobrás, geração de emprego na indústria naval e combate ao afretamento exagerado de petroleiros e gaseiros construídos e registrados em outros países, como denunciou a direção do Sindmar, ao lembrar a recente compra de serviços pela “direção executiva de logística da Petrobrás, para afretamento de embarcações do tipo DPST (navios-tanque com sistema de posicionamento dinâmico) a serem construídos na China e na Coreia do Sul”.

Ressaltando a importância do aumento da frota da Petrobrás para a construção naval, o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Joacir Pedro, falou dos problemas enfrentados com a política pró-privatização do governo Bolsonaro e denunciou que esses mesmos gerentes que atuavam na gestão anterior da empresa, “lamentavelmente, permanecem em cargos importantes de gerência até hoje”.

“A gestão anterior pegou a Transpetro com mais de 60 navios e entregou com apenas 26, que foram construídos no programa de modernização da frota dos governos Lula e Dilma. Ao mesmo tempo, tiraram da Transpetro a governança, tiraram da Transpetro o jurídico, que agora está voltando, enfim, tentaram preparar a Transpetro para ela poder ser privatizada, como foram algumas unidades da Petrobrás. É necessário corrigir isso”, e acrescentou, “se nós não construirmos esses navios, a Transpetro estará com a sua morte anunciada dentro de poucos anos”.

O presidente do Sindmar e da Conttmaf, Carlos Müller, também denunciou a atual gestão da Petrobrás de, “de maneira desalinhada com os rumos propostos por seu acionista maior – o Estado brasileiro”, dar continuidade ao que já ocorria na gestão anterior da empresa.

“Não é possível que o Brasil continue à mercê de gerentes de escalão inferior com motivações equivocadas, que não seguem a legislação e se mostram incapazes de perceber os danos que estão causando ao País”, observou Carlos Müller.

De acordo com Müller, “a maior empresa do Brasil, que responde por 70% de todas as cargas movimentadas na costa do País, não está alinhada com o crescimento da frota em bandeira brasileira. Hoje, em nossa cabotagem, na área de petróleo e gás, são apenas 11 navios brasileiros operados pela Transpetro e mais de 100 estrangeiros afretados pela Logística da Petrobras. O plano estratégico da empresa não prevê ações para reduzir a dependência externa”, avaliou.

A secretária-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RJ) e dirigente do Sindimetal/Rio, Raimunda Leone, ressaltou a importância da mobilização através do Fórum na defesa do setor há mais de duas décadas. “O Fórum, lá nos anos 2000, foi o principal interlocutor dessa frente de luta em defesa da indústria naval e através desse trabalho nós conseguimos recuperar parte da atividade aqui no Rio de Janeiro. Então, nós já temos experiência de como encaminhar, porque só vamos conseguir avançar se a gente estiver organizada e mobilizada”, afirmou.

Ao final do encontro foram aprovadas diversas atividades que serão encaminhadas nos próximos dias, como a organização de uma manifestação ampla em defesa da construção naval, que deve ocorrer em março, além de outras ações organizadas em conjunto com a Frente Parlamentar em Defesa da Construção Naval, as frentes estaduais e ações junto ao governo federal. 

Fonte: Página 8