Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI

O Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas aponta crescimento de 3,0% da atividade econômica em 2023 sobre os resultados de 2022, conforme divulgado nesta segunda-feira (19).

Na análise, livre de efeitos sazonais, a economia cresceu 0,1% no quarto trimestre, em comparação com o terceiro trimestre, e 0,6% em dezembro, frente a novembro.

Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, indica que aproximadamente 30% do crescimento calculado, deveu-se diretamente à agropecuária, em particular, ao desempenho da produção da soja na região Centro-Sul do país. “A agropecuária foi fundamental para o desempenho do PIB de 2023. Aproximadamente 30% do crescimento de 3,0% da economia deveu-se diretamente a esta atividade, em particular ao desempenho da soja na região Centro-Sul do país. Esse contexto mostra forte concentração setorial e regional e evidencia que o crescimento econômico não foi sentido de modo uniforme no país”.

A pesquisadora destaca que atividades relevantes para impulsionar a economia, como a indústria de transformação e a de construção retraíram em 2023, derrubando a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em -3,4% em 2023. “O desempenho de máquinas e equipamentos preocupa, pois vem acumulando quedas ao longo do ano e fechou com retração de 8,5% no ano”, estima. A construção também contribuiu negativamente para esse resultado, com queda de 0,5%.

“A formação bruta de capital fixo apresentou queda, o que contribuiu para a redução da taxa de investimentos do país”, segundo a pesquisadora. A taxa de investimento da economia foi de 18,1% em 2023. Além desta taxa ter se reduzido em 2022 e, novamente em 2023, segue abaixo da média histórica desde 2000 (19,2%), diz o Monitor. 

Em termos marginais, a economia cresceu apenas 0,1% no quarto trimestre, em comparação ao terceiro. Embora com clara tendência de desaceleração nessa comparação, o resultado mostra resiliência da economia apesar das fragilidades de um crescimento anual concentrado e bastante influenciado por commodities”, destacou Juliana Trece, em nota.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial cresceu 0,2% em 2023, puxada pela setor extrativo, porém a indústria de transformação recuou -1,0%.

No mesmo sentido dos resultados do Monitor, os números da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), divulgados no último dia 31 de janeiro, informaram que as vendas de máquinas no mercado interno retraíram 15,4% em 2023.

Segundo a entidade, é o segundo ano seguido de perda nas vendas, sob os efeitos dos “juros muito elevados que inibem absurdamente os investimentos” e da “baixa taxa de investimentos”, como assinalou o presidente da entidade, José Velloso. Para o empresário, deveria estar em torno de 25%.

Na avaliação do terceiro trimestre do ano passado, a Abimaq já apontava as mesmas dificuldades. “O país saltou do pagamento de juros reais negativos ao redor de 3% para juros reais positivos de mais de 9% a.a., o que deslocou novamente os investimentos das atividades produtivas para as aplicações financeiras”, denunciou a entidade.

A FBCF foi de aproximadamente R$ 1,8 trilhões em 2023. Após dez anos de seu maior nível (R$ 2,1 trilhões a preços de 2023, em 2013) ainda segue em patamar bem abaixo do já alcançado.

O consumo das famílias cresceu 3,2%, alcançado em 2023 um valor em torno de R$ 6,9 trilhões. O consumo de serviços foi o principal responsável por esse crescimento, apesar de ter apresentado perda de força ao longo do ano.

Em termos monetários, estima-se que o PIB de 2023, em valores correntes, alcançou a cifra de 10 trilhões 740 bilhões e 237 milhões de Reais.

O indicador calcula mensalmente o PIB brasileiro em volume, em valor corrente e em valor constante a preços de 1995, seguindo a mesma metodologia das Contas Nacionais Trimestrais (CNT) do IBGE.

A partir deste resultado, o PIB per capita de 2023 foi de R$ 52.611. Embora siga em ritmo crescente desde 2021, ainda está em nível inferior aos observados em 2013 e 2014.

O resultado oficial do PIB é calculado pelo IBGE e deverá ser divulgado em março próximo.

Fonte: Página 8