Ministro do Exterior da China, Wang Yi, na Conferência de Segurança de Munique | Vídeo

“A recente escalada do conflito no Oriente Médio e o aumento da tensão no Mar Vermelho mostram mais uma vez que a questão palestina sempre foi o cerne da questão naquela região e que o deslocamento de gerações de palestinos sem um Estado legítimo é uma das injustiças mais duradoras dos tempos contemporâneos”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante discurso proferido na sessão “China no Mundo”, na atual Conferência de Segurança de Munique, no sábado (17). 

Wang, também membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China, enfatizou que seu país está firmemente do lado da equidade e da justiça, trabalha duro por um cessar-fogo e pelo fim da violência e faz o possível para proteger os civis.

 A China tem impulsionado o Conselho de Segurança da ONU a adotar sua primeira resolução sobre o assunto desde o início do conflito e emitiu um documento sobre a solução política da questão palestino-israelense, lembrou o principal diplomata da China, frisando que o seu país não permitiria que a crise humanitária na Faixa de Gaza continuasse.

O ministro disse que os Estados Unidos devem trabalhar seriamente para garantir a concretização do cessar-fogo e a Solução de Dois Estados, e apelou à convocação de uma conferência internacional de paz mais ampla e mais eficaz para concretizar a coexistência pacífica entre a Palestina e Israel.

MACRON: DEMOCRACIA NÃO PODE FAZER O QUE ISRAEL FAZ

“Rafah é uma parte de Gaza onde viviam 200.000 pessoas antes da guerra, mas agora acolhe 1.400.000 (…). A situação humanitária lá já é insustentável”, afirmou o presidente da França, Emmanuel Macron, em entrevista publicada pelo jornal L’Humanité, no domingo (18), alertando que uma democracia não pode fazer o que Israel está fazendo na Faixa de Gaza, onde há informações de quase 30.000 palestinos mortos, a grande maioria civis.

Segundo Macron, a eventual ofensiva de Israel em Rafah, como ameaça o governo israelense, implicaria um ponto de ruptura nas operações de troca de reféns.

O presidente francês mostrou-se aberto ao reconhecimento de um Estado palestino, para o qual considerou necessário “encontrar o caminho certo”.

Mostrando o crescente isolamento do governo israelense, em conversa telefônica com Benjamin Netanyahu, na quarta-feira (14), Macron já havia expressado “a firme oposição da França a uma ofensiva em Rafah que só poderia conduzir a uma catástrofe humanitária de uma nova magnitude”, de acordo com um comunicado da Presidência francesa, divulgado pela Agência Lusa.

Manifestou ainda a oposição da França a “qualquer deslocamento forçado de população”, o que constituiria uma violação do direito internacional humanitário e “um risco adicional de escalada regional de violência”.

O chefe de Estado francês sublinhou “a extrema urgência de concluir, sem mais demoras, um acordo de cessar-fogo que garanta finalmente a proteção de todos os civis e o afluxo maciço de ajuda de emergência”. 

Emmanuel Macron considerou “imperativo abrir o porto de Ashdod, uma via terrestre direta a partir da Jordânia e todos os pontos de passagem” para fazer chegar ajuda ao enclave palestino. “A falta de acesso humanitário é injustificável”, insistiu.

NÃO À POLÍTICA DE IMPLANTAÇÃO DE COLONOS DE ISRAEL

Reiterou ainda a “condenação” de Paris “à política de implantação de colonos de Israel” e “apelou ao desmantelamento dos enclaves ilegais” em território palestino, pedindo “que se evite qualquer medida suscetível de conduzir a uma escalada descontrolada em Jerusalém e na Cisjordânia”. 

A França anunciou sanções contra 28 “colonos israelenses extremistas culpados de violência contra civis palestinos na Cisjordânia” e apelou à União Europeia (UE) para que faça o mesmo.

Macron também sublinhou que a Solução de Dois Estados é a única que pode responder “às legítimas aspirações dos palestinos” e apelou a Netanyahu e a todos os líderes israelenses para que “tenham a coragem de lhes oferecer um futuro de paz”, acrescentou o Eliseu (Presidência francesa) no mesmo comunicado. Por outro lado, o Presidente francês salientou que a libertação de todos os reféns israelenses detidos pelo Hamas, incluindo três que são também cidadãos franceses, “é uma prioridade absoluta para a França”.

Fonte: Papiro