Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Polícia Federal intimou o ex-chefe do Executivo para depor na investigação que apura o envolvimento dele e de membros do seu governo, inclusive auxiliares ex-militares, em atos golpistas para mantê-lo no poder.

A previsão é que o depoimento seja prestado na próxima quinta-feira (22). A informação foi confirmada pelo advogado dele, Paulo Cunha Bueno.

A apuração da PF já levantou, entre outros elementos, o vídeo da reunião em que Bolsonaro apressa seus ministros a tomarem providências e que não esperem pelo resultado da eleição para só então agir.

A gravação, que foi apreendida no computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, colocou o ex-presidente no centro da trama golpista, cujo ápice foi o 8 de janeiro de 2023, quando uma horda de bolsonaristas invadiu e destruiu as sedes dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Isso porque, segundo a fala do então presidente mostrada no vídeo, de 5 de julho de 2022, fica evidente que ele convoca ministros para discutir ações para se manter no poder. Tanto que em dado momento da reunião se falava em acionamento de “plano B”.

Além disso, o general Augusto Heleno, então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), defende a virada de mesa logo, ainda antes do resultado das eleições, já que as pesquisas mostravam vantagem do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para complicar e enredar mais ainda a vida de Bolsonaro, a PF encontrou no gabinete dele, na sede do PL (Partido Liberal), em Brasília, uma minuta com conteúdo golpista que ele teria editado.

Por esse documento, se anunciaria a decretação de estado de sítio. E também a imposição da operação da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no País.

Apesar das evidências, aliados de Bolsonaro alegam que ele não fala em golpe. E que “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.

O que é absurdo, pois o ex-presidente passou 4 anos açulando as Forças Armadas e atiçando apoiadores, que não perderam nenhuma oportunidade para expressar esse intento golpista e de ruptura com as instituições republicanas.

Fonte: Página 8