Hospital infantil An Naser foi um dos atingidos pelas bombas de Israel | Foto: PRCS

A organização Médicos pelos Direitos Humanos denunciou na quinta-feira (22) os ataques das forças armadas de Israel ao sistema de saúde da Faixa de Gaza que se concentraram nos últimos dias nos hospitais Nasser e Al Amal, situados na cidade de Khan Younis, e exigiu que sejam investigados como crime de guerra.

“As exigências pouco realistas dos militares israelenses para evacuar os hospitais e as lacunas entre as suas afirmações e as provas apresentadas levantam sérias preocupações de que os ataques às infraestruturas médicas sejam deliberados, sistemáticos e desproporcionais”, afirmou a seção israelense da organização num comunicado, ao mesmo tempo em que questiona a validade do argumento de que os hospitais na Faixa perderam o seu direito a uma proteção especial por serem supostamente utilizados como centros de comando do Hamas e sublinhando que, em qualquer caso, isto constitui uma violação do direito humanitário internacional e de possíveis crimes de guerra.

A organização documentou 142 ataques contra centros de saúde na Faixa, deixando 30 hospitais e 53 clínicas fora de serviço. No início deste ano, apenas oito dos 36 hospitais do enclave ainda estavam parcialmente operacionais, incluindo o Nasser e o Al Amal, que nos últimos dias ficaram fora de serviço após o cerco de mais de 30 dias pelas tropas israelenses.

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) afirmou que os ataques espalham estilhaços contra os fios dos dispositivos de comunicação aérea, através do qual trabalham todas as diversas equipes, aumentando os desafios e dificuldades enfrentados, especialmente pelas ambulâncias, devido à interrupção de todos os meios de comunicações fixas, celulares e serviços de Internet, pelo trigésimo oitavo dia na província de Khan Yunis.

CAOS SANITÁRIO

​326 profissionais de saúde foram mortos, 350 feridos e 99 presos, deixando os cuidados médicos no território palestino à beira do colapso, não apenas para atender aos feridos pelos bombardeios e nos combates, mas também para os doentes crônicos ou com patologias anteriores, assinalou a agência palestina de informação, Wafa.

E, como se isso fosse pouco, os hospitais ainda sofrem escassez de combustível, fato que significou que mais de mil pacientes com doenças renais, incluindo 30 crianças, viram os seus tratamentos de diálise reduzidos de quatro horas para duas horas ou menos.

O Hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, tratou mais de 500 pacientes que necessitavam de cirurgia com apenas duas salas, sem anestésicos ou analgésicos, o que obrigava a limpeza das feridas com detergente ou vinagre devido à falta de antissépticos.

Segundo o último relatório do Ministério da Saúde de Gaza, o número total de mortos aumentou para 29.514 – a maioria deles mulheres e crianças – e 69.616 feridos em 140 dias de conflito, além de cerca de 8.000 corpos que se estima estarem presos sob os escombros após os incessantes bombardeios israelenses na Faixa.

Nas últimas 24 horas, pelo menos 10 massacres foram perpetrados pelas tropas de ocupação israelenses contra famílias palestinas na Faixa de Gaza, ceifando a vida de 104 pessoas.

Fonte: Papiro