Manifestantes diante do Ministério do Capital Humano | Foto: Maximiliano Luna

Com a palavra de ordem “Devolva a comida às crianças nos refeitórios sociais, basta de ajuste!”, a Argentina foi mobilizada de norte a sul nesta sexta-feira (23) com um imenso “piquete nacional contra a política de desabastecimento aplicada por Javier Milei”, que atinge 45 mil refeitórios comunitários.

Ao todo foram 500 bloqueios das principais ruas, avenidas e acessos a Buenos Aires e ao interior, onde os movimentos sociais e populares reivindicaram que a alimentação dos mais carentes – paralisada desde novembro do ano passado – volte a ser prioridade.

Entidades como o Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP) e a Unidade Piqueteira reiteraram que o brutal corte de recursos praticado pelo presidente ultraneoliberal “inviabiliza a continuidade da assistência social de emergência, espalhando a fome e a miséria”. Além disso, defenderam a necessidade de reajuste salarial dos trabalhadores e denunciaram que “o governo não dialoga”, o que só aprofundará ainda mais o caos nas comunidades mais carentes.

“Com uma taxa de pobreza de 60%, uma inflação de 20,6% em janeiro e uma taxa anual de 254,2%, o governo elimina a última barreira de contenção que as famílias mais empobrecidas têm: a assistência alimentar”, aponta o comunicado.

“GOVERNO ATACA BAIRROS MAIS POBRES”

Os organizadores da manifestação assinalaram que “o governo põe lenha na fogueira contra os bairros mais empobrecidos e, depois de cortar os alimentos para os refeitórios sociais, discute agora o fim da vinculação dos programas sociais a um salário mínimo de miséria, que não chega nem a 200 mil pesos (R$ 1.190)”.

“Desde a frente de luta denunciamos que a política de Milei é um verdadeiro massacre social, onde milhões de famílias estão sendo privadas do seu único sustento ao fecharem os refeitórios vinculados às organizações sociais que os mantêm através de programas de apoio governamentais.

Além das demissões, do arrocho salarial, do aumento das tarifas e do ataque à educação e à saúde pública, este golpe visa desmantelar as organizações que todos os dias apoiam milhares de refeitórios populares em todo o país”, acrescenta o documento.

Um dos 500 locais que os manifestantes se concentraram foi o Ministério do Capital Humano, sob a direção de Sandra Pettovello, em que se enfrentaram, com faixas e cartazes advertindo para a situação, frente ao gigantesco aparato policial e suas bombas de gás pimenta.

“Não recebemos um único quilo de alimento”, condenou Eduardo Belliboni, líder do Polo Obrero, um dos organizadores do protesto. “Estamos defendendo o direito à manifestação e não vamos abandonar esse direito”, disse.

Fonte: Papiro