O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na tarde desta quarta-feira (7) em Belo Horizonte para cumprir sua primeira agenda em Minas Gerais desde que venceu as eleições 2022. O estado foi o único do eixo Sul-Sudeste onde Lula venceu Jair Bolsonaro (PL) nos dois turnos da disputa.

Além de se reunir com o governador Romeu Zema (Novo-MG), Lula participará de ato com autoridades e lideranças no Minascentro. O ato, em especial, é encarado como uma grande demonstração de força do governo federal.

Mais de 800 pessoas foram convidadas para a programação, que inclui um balanço das ações do governo em Minas e o anúncio de novos investimentos. O evento, marcado para a manhã desta quinta-feira (8), será encerrado com uma entrevista coletiva à imprensa.

“É muito importante a vinda do presidente a Minas Gerais. Lula venceu as eleições aqui mesmo tendo um governo estadual que usou toda a máquina contra ele e na defesa da reeleição do Bolsonaro”, diz Wadson Ribeiro, presidente do PCdoB-MG.

Na volta ao estado, Lula terá a companhia de 11 ministros: Alexandre Silveira (Minas e Energia), Camilo Santana (Educação), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Helder Melilo (Cidades, interino), Marcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Nísia Trindade (Saúde), Paulo Pimenta (Comunicação Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Renan Filho (Transportes) e Rui Costa (Casa Civil).

Novo PAC

Zema confirmou presença no ato do Minascentro, assim como o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), e o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Irei com muito prazer”, declarou Noman à Rádio Itatiaia. De acordo com o prefeito, a capital mineira tem 3.600 unidades do Minha Casa, Minha Vida previstas no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Que esta seja uma das liberações anunciadas.”

Para Wadson, a agenda de Lula pode destravar os “grandes investimentos estruturais de que Minas necessita”, como a ampliação do metrô de Belo Horizonte e a duplicação da BR-381 (no trecho entre a capital e Governador Valadares). Com R$ 171,9 bilhões de investimentos previstos, Minas é o terceiro estado que mais receberá recursos do PAC, atrás do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Em nota à imprensa, o Planalto antecipou alguns anúncios que o governo fará em Minas Gerais nesta quarta. A lista de projetos compreende “obras do Novo PAC, com ênfase em energia, saúde, educação e rodovias do Estado. Envolvem, por exemplo, a retomada das obras do Hospital Universitário de Juiz de Fora, o acordo de uso futuro do terreno do aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte, e propostas de apoio a agricultores atingidos pela seca no Norte de Minas”.

Lula tinha uma visita a Minas agendada para setembro de 2023, mas teve de suspendê-la após se submeter a duas cirurgias. Na ocasião, para se recuperar, o presidente se afastou do cargo por quase um mês.

Zema

A reunião entre Lula e Zema ainda não tem data e local definidos, mas representantes dos dois governos confirmam o encontro. “O presidente será bem recebido em Minas Gerais e terá todo o respeito meu e de quem é do meu governo”, disse Zema à CNN.

Em ofício ao Planalto, o governador pediu ao menos 30 minutos de reunião com Lula para tratar de três pautas: 1) a renegociação da dívida de Minas com a União, que cresceu mais de R$ 50 bilhões sob seu governo, chegando a R$ 165,6 bilhões; 2) os novos termos do acordo de reparação pela tragédia de Mariana (MG), ocorrido em 2015; e 3) investimentos nas estradas federais.

Na visão de Wadson, Minas é o único estado que põe a implantação do Novo PAC em risco, devido às “atitudes infantis” de Zema. Enquanto outros governadores bolsonaristas, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ), tentam turbinar as parcerias com a União, Zema jamais se reuniu com Lula. “São atitudes que prejudicam não apenas o governo dele – mas todo o povo mineiro, que é quem mais precisa das políticas públicas ofertadas pelo governo federal.”

A expectativa é a de que a visita Lula “possa no mínimo constranger” Zema. “Bolsonaro vinha a Minas para propagar o ódio, falar contra a vacina ou coisas do tipo”, compara Wadson. “Lula vem para apresentar soluções, saídas e investimentos importantes para o nosso estado.”