São Paulo: Boulos lidera com 29,5%; Salles e Nunes empatam em 2º
O ano em que a esquerda pode retomar a Prefeitura de São Paulo começa com uma boa notícia para o deputado federal e pré-candidato a prefeito Guilherme Boulos (PSOL). Pesquisa Atlas divulgada em 31 de dezembro mostra o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) na liderança com 29,5% das intenções de voto.
Dois nomes dividem o segundo lugar, em empate técnico: o atual prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), tem 18%, enquanto o ex-ministro bolsonarista e também deputado Ricardo Salles (PL) aparece com 17,6%. A pesquisa entrevistou 1.600 eleitores de 25 a 30 de dezembro. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.
Boulos é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sua pré-campanha já conta com a adesão de PT, PCdoB, PDT, PV e Rede. Nas eleições de 2020 na capital paulista, ele surpreendeu e foi ao segundo turno, perdendo o pleito para o então prefeito Bruno Covas (PSDB), que se reelegeu. Dois anos depois, o político do PSOL foi eleito deputado federal com a maior votação no estado de São Paulo – pouco mais de 1 milhão de votos.
Os principais concorrentes de Boulos tentam polarizar a disputa e, para isso, disputam o apoio de Jair Bolsonaro, em busca de votos do eleitorado de direita e de extrema-direita. Tanto Salles quanto Nunes, porém, sabem que o capital eleitoral do ex-presidente perdeu força. Em 2022, Bolsonaro teve menos votos do que Lula na cidade de São Paulo, embora tenha vencido no conjunto do estado.
Nas sondagens sobre eventuais cenários de segundo turno, Boulos venceria Salles, conforme a pesquisa Atlas, por 37% a 31,5% dos votos. Já contra Nunes, o pré-candidato do PSOL fica numericamente atrás – 33,8% a 37,2% –, mas empatado dentro da margem de erro.
A grande novidade desse levantamento é justamente o risco de Ricardo Nunes ser superado por Ricardo Salles. Com uma gestão apagada e a imagem de degradação do Centro paulistano, o prefeito aposta em vitrines como a tarifa zero (implantada parcialmente aos domingos) e investimentos em recapeamento de ruas.
A crer nos números da pesquisa, sua dependência do voto conservador ficou ainda maior. “A candidatura de Salles é o que pode tirar Nunes do segundo turno”, resumiu Andrei Roman, diretor da Atlas.