Palestinos protestam em Ramallah contra prisão de familiares | Foto: Jaafar Ashtyeh/AFP

Prisioneiros detidos na prisão Gilboa, localizada na região norte de Israel, denunciam que as agressões físicas, abusos e humilhações por parte dos carcereiros recrudesceram depois do dia 7 de outubro.

Informes publicados desde o início de dezembro pelo jornal israelense Haaretz acrescentam que os diretores do Serviço Prisional têm ignorado as denúncias e reclamações dos presos.

Uma das denúncias é a de que os prisioneiros estão sendo obrigados a beijar a bandeira de Israel e os que se negam a fazê-lo são espancados.

Revelam as informações que estes prisioneiros já estavam detidos antes do ataque do Hamás e que muitos dos palestinos assim humilhados e espancados não têm relações com o grupo, alguns, inclusive, estão presos sob as regras draconianas da chamada ‘prisão administrativa’, através da qual palestinos ficam detidos por tempo indeterminado sem julgamento ou mesmo acusação formal.

Denúncias similares vêm da prisão Megido, na mesma região, com espancamentos frequentes. Em Megido dois prisioneiros morreram depois do dia 7 de outubro. No total já morreram seis presos por Israel desde o 7 de outubro, alguns com hematomas pelo corpo.

Segundo o Haaretz, um ex-preso em Gilboa que ficou três anos na prisão e pediu anonimato, “Onze presos eram colocados emu ma cela com dimensões para três. Lá, os carcereiros jogavam comida no chão e pisavam nela antes de mandarem os presos se servirem”.

“Todos os dias, sob pretexto de revista, batiam nos presos com barras de ferro”, acrescenta.

Foi dele uma das denúncias sobre o tratamento com relação à bandeira: “guardas entravam nas celas com uma bandeira de Israel e qualquer um que não a beijasse apanhava”.

A organização israelense de direitos humanos Hamoked também coligiu denúncias deste jaez e as enviou para a procuradora-geral Gali Baharav-Miara.

Na descrição apresentada pela Hamoked, prisioneiros apontavam que os guardas entravam nas celas batendo neles e os forçando a xingarem a si próprios e a rastejarem.

Daqqa, agora com 62 anos e um dos palestinos presos cumprindo há mais tempo e que, pediu liberação alegando piora no estado de saúde, ao invés disso foi transferido para a prisão Gilboa.

Em um informe submetido à direção do Serviço Prisional, Daqqa faz o seguinte relato:

“Os guardas me algemaram com as mãos às costas, me empurraram forçando minha cabeça para baixo e me forçando a beijar a bandeira de Israel. Batiam com cassetetes na minha barriga e me apertavam no rosto. Depois disso, me deixaram sem roupas ou lençóis e a alimentação a mim e meus colegas de cela era de três colheres de arroz por dia. Quando chegavam vegetais, eram tão salgados que se tornava impossível comer. Depois de uma semana nestas condições fui hospitalizado”. 

Fonte: Papiro