Execução por asfixia com gás nitrogênio é cruel até para eutanásia de animal | Foto: Reprodução

Após apelo que foi rejeitado pela Suprema Corte dos EUA, o preso Keneth Eugene Smith, de 58 anos, agonizou por 22 minutos em uma execução no Alabama com uso de asfixia por gás nitrogênio. A Associação Médica Veterinária norte-americana determina que a eutanásia de animais com gás só seja feita com sedação prévia.

Segundo o jornal The Guardian, depois de o gás ter começado a fluir, Smith contorceu-se na maca por longos minutos. Os carrascos do Alabama tinha asseverado previamente que o gás de nitrogênio faria com que o homem perdesse os sentidos e morresse em minutos. A execução ocorreu no corredor da morte da prisão de Holman, na quinta-feira (25)

Segundo a CBS, só é de uso corrente a aplicação de gás nitrogênio sem sedação no caso da eutanásia de galinhas.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que lamentava “profundamente a execução de Kenneth Eugene Smith no Alabama” e alertou que o método de “sufocamento por gás nitrogênio pode equivaler à tortura ou tratamento cruel” – ou seja, viola a lei internacional.

Turk destacou que o método “não está em conformidade com os padrões internacionais de direitos humanos” e que “pode causar sofrimento desnecessário e angustiante”.

“TORTURA”

“Nunca vi um preso a debater-se da maneira como o Kenneth Smith reagiu ao gás nitrogênio”, disse Lee Hedgepeth, jornalista que testemunhou a execução e que já cobrira outras quatro execuções antes, ao programa ‘Newsday’ da BBC.

O conselheiro espiritual de Smith, Jeff Hood, assistiu à morte. “Nunca vi nada assim. Foi uma tortura”, revelou. Segundo Hood, os policiais presentes ficaram “muito surpreendidos que [a execução] não tenha sido mais tranquila”.

Em novembro de 2022, Smith já fora submetido à execução com injeção letal, mas não conseguiram inserir uma seringa na veia dele para introduzir o veneno. O que o tornou uma das duas únicas pessoas vivas nos EUA que sobreviveram a uma tentativa de execução nos EUA.

Episódio descrito pela jornalista Robyn Pennachia, com os agentes penitenciários passando “horas e horas tentando e não conseguindo inserir adequadamente uma injeção venal enquanto Smith estava amarrado a uma maca”.

Smith foi condenado em 1996 por um júri por um homicídio encomendado cometido em 1988 com prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional. Mas teve a pena alterada para sentença de morte por um juiz “sob um sistema de anulação judicial proibido no Alabama em 2017″, como apontou a Anistia Internacional.

Segundo a mídia, Estados dos EUA que mantêm a pena capital têm tido dificuldade para conseguir os químicos usados nas injeções letais, o método mais comum de execução, desde que países europeus proibiram a indústria farmacêutica de vender esses produtos para serem usados em execuções. Utah, Carolina do Sul e Idaho retomaram métodos mais antigos, como pelotões de fuzilamento. Alabama, Mississipi e Oklahoma adotaram as execuções com gás.

Fonte: Papiro