Parte dos governadores de direita decide não ir a ato pela democracia
O ato “Democracia inabalada”, proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o propósito de reunir representantes das instituições republicanas em defesa dos valores democráticos um ano após os ataques golpistas do 8 de janeiro de 2023, contará com a presença da maioria dos governadores e autoridades convidadas, mas alguns resolveram não participar.
Alegando questões pessoais, de saúde ou férias, ao menos oito dos 27 governadores convidados, conforme apurado pelo site Poder 360, poderão não comparecer.
A maioria é de direita e diretamente alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os ausentes estão Tarcísio de Freitas (REP), de São Paulo; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, visto como, no mínimo, omisso com os ataques, e Ratinho Jr. (PSD), do Paraná. Por outro lado, o bolsonarista Romeu Zema (Novo) confirmou sua participação.
Também disse que não comparecerá, por motivos de saúde na família, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado do bolsonarismo. Mas, pelas redes sociais, o parlamentar disse que “a liberdade de manifestação e o direito fundamental de protestar jamais podem se converter em violência e destruição” e que “devemos sempre celebrar a democracia e cuidar do futuro de nosso país”.
A ausência em evento de caráter plural e suprapartidário, voltado para a valorização da democracia da qual essas mesmas autoridades são fruto, mostra a falta de compromisso com a construção de valores democráticos num momento em que as instituições se recuperam de anos de ataques sistemáticos promovidos por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. E reflete, ainda, a divisão político-ideológica da sociedade, alimentada cotidianamente pela extrema-direita.
Eventos pela democracia
A cerimônia convocada pelo presidente da República acontece na tarde desta segunda-feira, no Congresso Nacional. Além de Lula, devem discursar os presidentes do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, e do STF, ministro Luís Roberto Barroso.
De acordo com o Palácio do Planalto, são esperados cerca de 500 convidados, dentre eles, a ex-ministra do STF que presidia a corte na época dos ataques, Rosa Weber e o vice-presidente Geraldo Alckmin, entre outras autoridades, além de representantes de organizações da sociedade civil.
Além disso, outros eventos marcam a data. Na Câmara, uma exposição no Salão Verde da Câmara, que estará aberta ao público de 9/1 até 29/3, mostrará fotos inéditas da destruição causada pelos bolsonaristas nas duas casas legislativas.
Já o Supremo Tribunal Federal (STF), inaugura, também nesta segunda-feira (8), a exposição “Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia”, que estará aberta ao público a partir deste terça-feira (9), das 13h às 17h, no térreo do Edifício-Sede.
Ainda nesta segunda-feira, as sedes dos Três Poderes amanheceram com uma representação da Constituição em suas entradas e, no domingo (7), projeções no prédio do Congresso Nacional mostraram a expressão “Democracia nos Une”, além da bandeira brasileira no formato semelhante ao que se vê na capa da Constituição.
Pelo Brasil, movimentos sociais convocaram manifestações em defesa da democracia. A primeira, em Brasília, aconteceu neste domingo (7). Outras capitais, com São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre também realização atos de rua.