Tendas de pessoas sem moradia em rua de San Francisco | Foto: AA

Sem-teto nos Estados Unidos apresenta crescimento de 12% entre 2022 e 20223 e atinge recorde histórico: chegam a 653.100 sem moradia ao final de 2023. É o que aponta um levantamento feito por Harvard.

Negros e latinos são os mais afetados pelo aumento desenfreado nos aluguéis e pela falta de políticas públicas.

Entre 2022 e 2023, mais 71 mil pessoas ficaram sem um local para morar nos EUA. É o maior crescimento em um ano desde 2007, quando foi iniciada a série histórica feita pelo Centro Conjunto de Estudos de Habitação de Harvard.

O relatório indica que “assim como os despejos, o número dos sem-teto aumentou enquanto o preço de moradia cresceu, chegando ao recorde histórico de 653.100 pessoas em janeiro de 2023”.

Em relação a 2015, quando o número de pessoas sem um local para morar foi o mais baixo da série histórica, o aumento é de 48%.

O estudo ainda revela que no país mais rico do mundo 256,6 mil pessoas estão totalmente desabrigadas, isto é, morando nas ruas ou em locais abandonados.

A quantidade de famílias sem-teto cresceu até mesmo em Estados com o custo de vida mais baixo, como Arizona, Ohio, Tennessee e Texas, destacou o estudo feito por Harvard.

O Estado da Califórnia é, sozinho, responsável por 48% da população nacional desabrigada. Cerca de 123,4 mil pessoas não têm abrigo e estão morando nas ruas.

O número de imóveis de “baixo custo” (inferiores a US$ 600 por mês, ou seja, menos de R$ 3.000) está caindo a cada ano. Na última década, “o número de unidades de baixo custo caiu em 2,1 milhões”. Somente entre 2021 e 2022, 230 mil imóveis saíram dessa faixa de preço. “Sobraram apenas 7,2 milhões de unidades com aluguel abaixo de US$ 600 em 2022”, diz o estudo.

O aumento nos aluguéis faz com que as famílias tenham cada vez menos dinheiro para gastar com outras questões “críticas para o bem-estar”. Em 2022, as famílias que pagam aluguel gastaram 39% menos com alimentação e 42% menos com saúde do que as que não pagam aluguel.

Segundo o Centro Conjunto de Estudos de Habitação de Harvard, o racismo contra negros e latinos faz com que essas populações sejam mais afetadas pelo aumento no número de sem-teto.

“Os negros representam 37% de todas as pessoas sem-teto, para apenas 13% da população dos Estados Unidos, enquanto os latinos representam mais de um quarto (28%) das pessoas sem-teto, mas menos de 20% da população”, sublinhou. O mesmo ocorre com os nativos americanos e povos indígenas.

O relatório ainda indica que as políticas de assistência emergencial, criadas na pandemia, acabaram em 2022, “momento em que os aluguéis subiram rapidamente e um número crescente de imigrantes foram proibidos de trabalhar. Como resultado, o número de pessoas sem-teto subiu cerca de 71 mil em apenas um ano”.

“Serão necessários subsídios de habitação e renda consideravelmente mais acessíveis para evitar novos aumentos no número de sem-teto, para ajudar a realojar em grande escala as pessoas e para reduzir os custos do sistema de resposta aos sem-teto”, continua.

Fonte: Papiro