Iemenitas ocuparam a capital Sanaa | Foto: Reuters

Multidões tomaram as ruas do Iêmen em repúdio aos ataques em várias cidades do país. “Seus ataques ao Iêmen são terrorismo”, disse Mohammed Ali Al-Houthi, membro do Conselho Político Supremo, referindo-se aos Estados Unidos.

“Eles (EUA) são terroristas e são incríveis em mentir para as pessoas do mundo, mas a consciência do povo iemenita é outra. Você, iemenita, acha que os Estados Unidos estão se defendendo ou são terroristas?”, disse Al-Houthi, saudado pelas centenas de milhares de manifestantes presentes.

Os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam o Iêmen na madrugada desta sexta-feira (12), em mais um ato de suporte a Israel no genocídio em curso em Gaza e em meio à realização de audiência na Corte de Haia no processo movido pela África do Sul com apoio de diversos países incluindo o Brasil. Rússia, Jordânia, Turquia e Irã condenaram a escalada, que ameaça estender o conflito à região inteira.

A alegação de Washington e Londres foi de que estão provendo a “liberdade de navegação” no Mar Vermelho, depois que o governo do Iêmen passou a barrar a passagem de embarcações de bandeira ou propriedade de Israel até que o massacre do povo de Gaza seja interrompido.  

Segundo relato da agência de notícias iemenita SABA, “a agressão americana, israelense-britânica lançou vários ataques aéreos contra a capital Sanaa e as províncias de Hodeida, Saada e Dhamar”. O Pentágono anunciou que o ataque atingiu 60 alvos em 12 locais no Iêmen e foi conduzido por aviões de guerra, mísseis de cruzeiro e submarinos.

Os ataques aéreos durante a noite realizados pelos EUA e pelo Reino Unido contra alvos no Iêmen foram ilegais, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas nesta sexta-feira.

“Nós os condenamos” Peskov disse quando questionado sobre a ação durante uma coletiva de imprensa. “A resolução [do Conselho de Segurança da ONU] não dá direito a ataques e, consequentemente, elas são ilegítimas sob o direito internacional.”

O porta-voz presidencial russo se referia ao documento da ONU de 10 de janeiro que pedia ao movimento houthi que cessasse os ataques a navios mercantes.

“Os ataques aéreos dos EUA no Iêmen são outro exemplo da perversão dos anglo-saxões às resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, disse por sua vez Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Tais ataques – ela acrescentou – mostram um “completo desrespeito pelo direito internacional” e estão “agravando a situação na região”.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan condenou os ataques e disse que os EUA e o Reino Unido estão “tentando transformar o Mar Vermelho em um mar de sangue”. “Todos esses atos são uso desproporcional da força”, disse ele, acrescentando que “Israel também recorre a esse uso desproporcional da força na Palestina”.

O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, disse que “a agressão israelense a Gaza e seu contínuo cometimento de crimes de guerra contra o povo palestino e a violação impune do direito internacional são responsáveis pelas crescentes tensões testemunhadas na região”.

Ele advertiu que a estabilidade da região e sua segurança estão intimamente ligadas. “A comunidade internacional está em uma encruzilhada humanitária, moral, legal e de segurança”, acrescentou.

“Ou assume suas responsabilidades e acaba com a agressão arrogante de Israel e protege os civis, ou permite que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seus ministros extremistas nos arrastem para uma guerra regional que ameaça a paz mundial.”

Fonte: Papiro