Sonda japonesa em sua aproximação ao solo lunar | Foto: JAXA

O Japão se tornou na sexta-feira (19) a quinta nação do mundo a conseguir pousar uma sonda não-tripulada na Lua, um feito histórico antes só conseguido pela União Soviética, Estados Unidos, China e Índia.

Coincidentemente, no mesmo dia completou-se o fracasso da tentativa de volta dos EUA à Lua depois de 50 anos, com a sonda Peregrine tendo se incinerado no retorno à Terra, depois de um problema de vazamento de combustível, que fizera a Astrobotics/Nasa encerrar a missão.

A sonda SLIM (Módulo de Pouso Inteligente para Investigar a Lua, na sigla em inglês) fez uma alunissagem por volta das 12h20 no horário de Brasília, de acordo com a Agência Espacial Japonesa (Jaxa).

“Acreditamos que o pouso suave em si foi bem-sucedido, pois a espaçonave enviou dados de telemetria, o que significa que a maioria dos equipamentos a bordo está operando”, disse Hitoshi Kuninaka, diretor do Instituto de Ciências Espaciais e Astronáuticas da Jaxa.

No entanto, o módulo lunar japonês teve um problema na descida, e está tendo de usar suas baterias, que só devem durar horas, mas segue se comunicando com a Terra. Especialistas da agência já estão trabalhando para consertar a pane.

A Jaxa levará ainda cerca de um mês para verificar se o módulo SLIM conseguiu o objetivo de realizar “o pouso mais preciso” já feito na Lua, na cratera Shioli, perto do equador do nosso satélite natural, em um local com apenas 100 metros de diâmetro e numa região próxima de encostas.

A precisão na alunissagem, até então, era da ordem de dezenas de quilômetros.  Como destacou comunicado da Jaxa, “o sucesso dessa missão assinalaria a transição de uma era de ‘aterrissar onde pudermos’ para uma era de ‘aterrissar onde quisermos’ em futuras missões lunares”.

O SLIM foi lançado em 7 de setembro via um foguete H-IIA, do Centro Espacial Tanegashima, numa ilha ao sul do Japão. O SLIM é uma sonda compacta, com 1,7 metro de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,4 metros de altura.

RETORNO DOS EUA À LUA FALHA

Enquanto Tóquio comemorava o sucesso de seu módulo lunar na sexta-feira, no mesmo dia a Astrobotic registrou a incineração do Peregrine na reentrada na atmosfera da Terra, após vazamento de combustível e problema com os painéis solares inviabilizem a continuação da missão, adiando o projeto de volta dos EUA à Lua depois de 50 anos.

O módulo lunar Peregrine havia sido lançado de Cabo Canaveral no dia 8 e tinha como meta chegar em 23 de fevereiro à Lua, em uma operação em conjunto com a Nasa, que incluía, além de instrumentos científicos da agência espacial norte-americana, as cinzas de 70 norte-americanos para um enterro simbólico. O contrato da Astrobotic com a NASA para seu desenvolvimento foi estimado em US$ 108 milhões.

Rapidamente o desenvolvedor do módulo de pouso Peregrine, Astrobotic, reconheceu que “a missão não tem chance de pousar com segurança na Lua”, restando aproximadamente 40 horas de combustível a bordo da nave. Agora, anunciou a Astrobotic, os desenvolvedores pretendem coletar telemetria para levar em conta todos os erros no futuro.

Na prática, o lançamento funcionou como o primeiro teste do novo foguete Vulcan da United Launch Alliance (Lockheed/Boeing) e do estágio superior Centaur. O Vulcan pretende ser o carro-chefe da Força Espacial dos EUA sem uso de motores de foguete russos, substituídos por novos motores BE-4 da Blue Origin. Para observadores, o foguete, o acelerador e os motores ainda estão longe do ideal e, dizem, “ainda explodem de vez em quando”.

No ano passado, em agosto, a Índia se tornara o quarto país do mundo a pousar suavemente na Lua com a sonda Chandrayaan-3, perto do pólo sul do satélite. A China, com a Chang’e 4, logrou esse feito em janeiro de 2019. Poucos dias antes de a Índia obter sucesso, o módulo russo Luna 25 teve falha nos motores impedindo seu pouso suave.

Fonte: Papiro