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O enterro da indígena do povo Pataxó Hã Hã Hãe, Maria de Fátima Muniz, assassinada durante ataque de fazendeiros contra indígenas em disputa de terras, neste domingo, aconteceu nesta segunda-feira, na região da Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, no Sudoeste da Bahia, e contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

Mais conhecida como Nega Pataxó, Maria de Fátima Muniz foi sepultada no fim da tarde de hoje, na cidade de Potiraguá, local do conflito. 

Guajajara também visitou o hospital onde cinco pessoas estão internadas. Entre elas, o cacique baleado Nailton Muniz Pataxó.

No início da tarde deste domingo pelo menos 200 fazendeiros, mobilizados pelo Movimento Invasão Zero e à maneira de uma reintegração de posse ilegal, atacaram com armas de fogo a retomada do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe no território tradicional Caramuru-Catarina Paraguassu, município de Potiraguá, no Sudoeste da Bahia.

O ataque ocorreu sem que houvesse qualquer decisão judicial de reintegração de posse da fazenda Inhuma, retomada no sábado (20) pelos Pataxó Hã-Hã-Hãe. Policiais militares do estado da Bahia estavam presentes com os fazendeiros.

Como resultado desta ação criminosa, Maria Fátima Muniz de Andrade Pataxó Hã-Hã-Hãe foi assassinada a tiros na retomada.

Os indígenas acusam os fazendeiros e a Polícia Militar da Bahia pelo assassinato, resultado de uma operação de reintegração ilegal convocada abertamente por uma milícia intitulada “invasão zero”.

Segundo relatos dos indígenas, fotos e vídeos que circulam nos meios de comunicação dão conta de que Nega foi atingida por disparos de arma de fogo e tombou com seu maracá em mãos, cercada por fazendeiros. Os policiais que acompanhavam a ação violenta assistiam sem prestar socorro.

Ao lado da liderança espiritual estava o cacique Nailton Pataxó Hã-Hã-Hãe, também atingido pelos tiros, que sobreviveu e foi encaminhado ao hospital da região. Outros indígenas, três confirmados até o momento, foram atingidos por tiros. Além disso, conforme denúncia dos indígenas, uma Pataxó teve a clavícula quebrada por um policial militar.

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) repudiou os atos criminosos dos fazendeiros com indícios de serem amparados por mais uma ação irregular da Polícia Militar (PM) baiana contra os povos indígenas do Sul e Extremo Sul do estado.

“Fazendeiros da região convocaram “para reintegração” centenas de pessoas, para se reunirem no final da manhã deste domingo (21) em uma ponte próxima à área retomada pelos Pataxó Hã-Hã-Hãe com o objetivo declarado no convite, que circulou no WhatsApp. Vídeos dos fazendeiros também circularam com as mesmas informações e intenções, asseguram os indígenas. A Polícia Militar da Bahia deveria ir ao local para dissuadir e impedir tal ação ilegal, criminosa e com potencial trágico. Relatos dão conta do contrário, se dirigiram ao local e nada fizeram para impedir que a multidão convocada fosse de encontro à retomada dos Pataxó Hã-Hã-Hãe”, apontou o CIMI.

Fonte: Página 8