Presidente Lula lança plano para indústria na reunião do Conselhão | Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O governo Lula lançou nesta segunda-feira (22) a Nova Indústria Brasil (NIB), um plano que prevê R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios para a indústria local, até 2026. Deste montante, R$ 106 bilhões já haviam sido anunciados em julho do ano passado.

Os recursos serão geridos e financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).

Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, serão disponibilizados por meio de linhas de crédito específicas R$ 271 bilhões, na modalidade reembolsável, e R$ 21 bilhões de forma não-reembolsável, além de R$ 8 bilhões em recursos por meio de mercado de capitais.

O plano de investimento à Indústria foi apresentado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, na reunião do Conselhão (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). O evento contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, além de ministros.

Em seu discurso, o presidente Lula afirmou que os R$ 300 bilhões que serão aportados ao longo destes quatro anos, são “um alento de que a gente pode sair do patamar que a gente se encontra e dar um salto de qualidade [na indústria]”.

“É muito importante para o Brasil que a gente volte a ter uma política industrial inovadora, uma política industrializada totalmente digitalizada como existe hoje, e que a gente possa superar, de uma vez por todas, este problema de o Brasil nunca ser um país definitivamente desenvolvido”, declarou o presidente.

Lula também afirmou que para que o Brasil se torne competitivo, o Estado precisa financiar a economia.

“Para o Brasil se tornar competitivo, o Brasil tem que financiar algumas coisas que ele quer exportar. A gente não pode agir como a gente sempre agiu achando que todo mundo é obrigado a gostar do Brasil e que todo mundo vai comprar no Brasil sem que a gente cumpra com as nossas obrigações. O debate a nível de mercado internacional é muito competitivo, é uma guerra”, disse Lula. “Muita gente fala em livre mercado quando é para vender, mas quando é para comprar, protege o seu mercado como ninguém”.

Na mesma tônica, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, rebateu as críticas dos que opõem a volta do Estado brasileiro como financiador do setor produtivo, afirmando que “esses que escrevem todos os dias dizendo que estamos trazendo medidas antigas: me expliquem a China? Por que a China é o país que mais cresceu no mundo nos últimos 40 anos? Me explique a política econômica americana. Já são dois trilhões na década em subsídio, incentivo, em investimento público para atrair empresas, inclusive empresas brasileiras”, lembrou. “Não tem como rever a indústria brasileira sem uma nova relação de Estado e mercado”, afirmou Mercadante.

Para o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI),  Leonardo de Castro, o plano irá “recolocar a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento, para que possamos retomar índices de crescimento maior e poder ofertar um caminho consistente e alinhado com o que os países desenvolvidos fazem, permitindo mais e melhores empregos, dignidade e orgulho próprio”, disse Castro na cerimônia.

Com centro, metas e ações, a NIB tem como foco a indústria local, ou seja, o plano contemplará, além das empresas nacionais, as multinacionais. O ideal é que o plano definisse prioridade para o “conteúdo nacional” e não apenas para o “conteúdo local”. Ou seja, que o plano incentivasse principalmente empresas genuinamente brasileiras.

A NIB é focado em seis missões: Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética; complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde; Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades; Transformação digital da indústria para ampliar a produtividade; Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas; e Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.

Entre as metas a serem alcançadas, estão: elevar de 42% para 70% a participação da indústria nacional na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos; buscar obter autonomia na produção de 50% das tecnologias “críticas” para a área de defesa; alcançar 70% de mecanização dos estabelecimentos de agricultura familiar, com o suprimento de pelo menos 95% do mercado por máquinas e equipamentos de produção nacional, garantindo a sustentabilidade ambiental; reduzir o tempo de deslocamento de casa para o trabalho em 20%; e digitalizar 90% das empresas industriais brasileiras, assegurando que a participação da produção nacional triplique nos segmentos de novas tecnologias.

Fonte: Página 8