Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (18), após ser alvo de operações de busca e apreensão por “orientar” grupo de golpistas que atacou Brasília no dia 8 de janeiro de 2022.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) destacou a “forte ligação” entre Jordy e Carlos Victor de Carvalho, que é uma “liderança de extrema-direita” de Campos dos Goytacazes (RJ) que participou dos atos golpistas.

O depoimento do deputado bolsonarista durou pouco mais de uma hora. Ele chegou na superintendência da PF, no Rio de Janeiro, no final da manhã.

Na manhã de quinta-feira (18), a PF cumpriu 10 mandados de busca e apreensão, sendo oito no Rio de Janeiro e dois no Distrito Federal. A casa e o gabinete de Carlos Jordy foram alvos da investigação.

A PF recolheu R$ 1 mil em espécie, uma arma e itens de informática, como celular e tablet.

Jordy reclamou publicamente que foi “acordado com fuzil no rosto”, mas a apuração feita pelo jornal Correio Braziliense junto a policiais federais revela que essa fala é mentirosa.

Foi o próprio deputado quem abriu a porta de sua casa para os agentes.

A 24ª Fase da Operação Lesa Pátria investiga a participação de Carlos Jordy no ataque golpista do dia 8 de janeiro enquanto “mentor” de um grupo. Jordy tem “forte ligação” com o terrorista Carlos Victor de Carvalho, que mandou mensagens e ligou pedindo orientações.

Durante a investigação, “especificamente quando da análise das mídias, de dados obtidos nas contas de e-mail ou fontes abertas, foi possível colher indícios que Carlos Victor de Carvalho possui fortes ligações com o deputado federal Carlos Jordy”, afirmou a PGR.

A ligação entre os dois “transpassa” a questão política, argumentou o órgão, “denotando-se que o parlamentar, além de orientar grupo expressivo de pessoas, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.

No dia 1º de dezembro de 2022, quando os bolsonaristas ainda acampavam em frente aos quartéis do Exército, Carlos Victor enviou uma mensagem para Jordy dizendo: “Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”.

O deputado bolsonarista respondeu: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”. Carlos Victor confirmou: “Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”.

Em 17 de janeiro, nove dias depois do ataque que tentou colocar Jair novamente no poder, os dois se falaram por ligação.

Ao todo, existem registros de 627 conversas, entre mensagens de texto, áudio, anexos e ligações, em especial entre agosto e outubro de 2022, quando era disputado o primeiro turno das eleições presidenciais.

A 24ª fase da Operação Lesa Pátria também mirou outras pessoas, cujas “suas condutas ocorreram no contexto dos atos golpistas ocorridos na Esplanada dos Ministérios em 8/1/2023, com destruição dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e, com muito mais raiva e ódio, do Supremo Tribunal Federal, fatos amplamente investigados em diversos procedimentos que tramitam nesta Suprema Corte”.

Fonte: Página 8