Venda da Sabesp é aprovada em meio à violência policial
A noite de quarta-feira (6) foi marcada pela infame autorização da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para a privatização Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp. Foram 62 votos a favor da venda encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e somente um contrário, pois a oposição, formada por deputados e deputadas do PCdoB, PSB, Psol, PT e Rede, deixou o plenário após a violência policial contra os manifestantes nas galerias.
A deputada estadual do PCdoB, Leci Brandão, lamentou o ocorrido em suas redes: “O que aconteceu hoje na Alesp é uma vergonha muito grande. Muita truculência e autoritarismo contra manifestantes e a privatização da Sabesp não conta com o apoio da população de SP! Dia muito triste de ataques diretos à Democracia e ao patrimônio público. A luta continua!”, colocou.
O presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), José Faggian, classificou os atos como racistas e indicou que a venda da Sabesp é um crime contra o patrimônio.
“É dessa forma que esse governo racista trata o povo de são Paulo. Um governo que quer entregar tudo pra iniciativa privada”, disse em frente à Alesp logo depois da violência ocorrida dentro da casa.
“O que Tarcísio quer é cometer um crime com a privatização da Sabesp e nós não vamos vender barato. Hoje nós demonstramos aqui na Alesp, e não só hoje, mas temos mostrado em todo o processo de luta neste ano, que Tarcísio vai ter pelos próximos anos luta e resistência do povo de São Paulo”, completou.
O ato truculento da Polícia Militar culminou na prisão de ao menos quatro manifestantes de forma injustificada que foram encaminhados para 27º Departamento de Polícia. São eles: Vivian Mendes, Ricardo Senese, Lucas Carvente e Hendryll Luiz.
Agora os deputados da oposição e trabalhadores devem acionar a justiça contra a votação, uma vez que a privatização da Sabesp pelo projeto enviado pelo governo é inconstitucional conforme apregoa a Constituição estadual. Para autorizar tal venda, seria necessária uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Veja abaixo a brutal atuação policial contra a população que protestava nas galerias do plenário contra a venda da Sabesp.
A seguir a nota dos deputados da oposição em repúdio aos atos de violência.
Nota de repúdio à violência na Assembleia Legislativa e à privatização da Sabesp*
Deputadas e deputados da oposição, PT, PCdoB, PSOL, PSB e Rede, repudiam ação da Polícia Militar que, cumprindo determinação da presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo, avançou contra manifestantes com gás e cassetetes, fechou acessos ao plenário e aos corredores, durante votação do projeto do governador Tarcísio de Freitas que privatiza a Sabesp.
O uso da força policial para impedir a manifestação popular expressa toda a violência embutida no âmago da proposta do governador. Inadmissível retirar do povo o direito à água, sobretudo, quando isso acontece embaixo de cassetetes e gás de pimenta. A ação policial resultou na detenção de vários manifestantes e deixou pessoas feridas.
Nesse contexto, a presidência da Assembleia Legislativa deu continuidade à votação da privatização da Sabesp, cerceando o exercício da liberdade parlamentar de deputados e deputadas, entre elas gestantes e idosas, que sofreram as consequências do gás que tomou boa parte do prédio.
Apesar dos apelos das bancadas de oposição pelo adiamento da sessão, em razão da insalubridade para continuidade dos trabalhos e da falta de garantia para a participação democrática de parlamentares eleitos, a base do governo Tarcísio de Freitas retomou a sessão, de forma antidemocrática e intransigente, reiterando o seu descaso com o Estado de São Paulo e entregando a Sabesp para os empresários, mesmo com parlamentares impedidos de exercer sua atividade legislativa, por não poderem permanecer no Palácio 9 de Julho.
Repúdio à violência! Não à privatização da Sabesp!
Líderes dos partidos de oposição PT, PCdoB, PSOL, PSB e Rede