Khalida Jarrar tem longa atuação pelos direitos das mulheres e contra as prisões abusivas de palestinos pela ocupação israelense | Foto: AFP

Tropa do exército israelense invadiu a casa da parlamentar Khalida Jarrar, dirigente histórica da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e a sequestrou sob pretexto de que seria “procurada por terrorismo”. Jarrar era membro do Parlamento palestino, suspenso desde 2007.

De acordo com seu marido, Ghassan Jarrar, as tropas da ocupação invadiram a casa da família “arrombando a porta principal às cinco da manhã”. “Acordei com socos de soldados do exército israelense dentro do nosso quarto. Colocaram o cano de uma arma na minha cara e me levaram para um quarto com dois soldados, e a conduziram para outro cômodo com outra soldado. Depois que conseguiu trocar de roupa, eles retiraram sua identidade e seu celular”, informou.

O governo de Benjamin Netanyahu confirmou a detenção de Jarrar, de 60 anos, ex-presidente da Comissão de Prisioneiros do Conselho Legislativo Palestino (CLP), cujo nome ganhou destaque em defesa dos direitos humanos. A prisão, conforme os invasores, ocorreu “junto com a de outros ativistas da FPLP”, organização acusada de “terrorista” pelos ladrões de terras da ocupação israelense.

“O lançamento de prisões generalizadas pela ocupação israelense entre os líderes e quadros da Frente na Cisjordânia esta manhã é uma forma de retaliação contra o nosso povo e os seus líderes que assumem posições claras e de princípio”, declarou a FPLP. Para a Frente, esta é “uma tentativa desesperada e fracassada de esvaziar a Cisjordânia de qualquer movimento de mobilização nacional ou política contra a ocupação”. Reflete, esclareceu o comunicado, “o miserável fracasso dos invasores em suprimir a resistência explosiva na Cisjordânia”.

Esta é a quinta vez que Jarrar é presa por Israel ao longo de sua militância, tendo a primeira sido no dia 8 de março de 1989, por sua participação no Dia Internacional da Mulher.

Em 2014, Israel emitiu uma ordem militar para expulsar Jarrar de Ramallah, com as tropas cercando a casa da família e tentando levá-la para Jericó, onde seria colocada “sob supervisão”. Jarrar se recusou e recorreu da decisão. Venceu, mas acabou sendo presa mais tarde, em abril de 2015. Ficou sob detenção administrativa, cumprindo seis meses sem acusação ou julgamento. Acusada de participar de uma “organização ilegal” e “incitação”, foi libertada em junho de 2016, após quinze meses. Empenhada em levar Israel ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em julho de 2017, foi presa novamente e mantida, sem provas, com sua detenção administrativa sendo renovada várias vezes até sua libertação em fevereiro de 2019. Oito meses depois, em outubro, foi presa novamente e acusada de “ocupar um cargo em uma associação ilegal” – como são vistos todos os partidos palestinos.

Na prisão, Jarrar lançou um programa para educar mulheres palestinas em penitenciárias israelenses e permitir que progredissem em seus estudos. Apesar do boicote da ocupação, muitas mulheres conseguiram receber diplomas e a iniciativa permanece.

Em julho de 2021, a filha de Jarrar e destacada ativista Suha, faleceu de causa misteriosa aos 31 anos de idade. Apesar da intensa mobilização nacional e internacional, Israel não permitiu que Jarrar sequer comparecesse ao funeral da filha.

“Durante minha prisão anterior, perdi meu pai e, durante minha última prisão, perdi minha filha. Chorei amargamente durante dias, parecia que as lágrimas estavam aprisionadas comigo”, relatou a deputada

Jarrar foi finalmente libertada em setembro de 2021, tendo passado até o momento mais de 63 meses encarcerada pela ditadura israelense.

Fonte: Papiro