Milei faz festa para Zelensky, marionete da Otan | Foto: Luis Robayo/AFP

Não há alternativa ao ajuste. Não há alternativa ao choque. Naturalmente, isso terá um impacto negativo no nível de atividade, no emprego, nos salários reais, no número de pobres e indigentes. Haverá estagflação”, afirmou o fascista Javier Milei, ao ser empossado presidente da Argentina neste domingo (10).

Sob aplausos dos ex-presidentes adeptos do entreguismo em favor dos EUA, Jair Bolsonaro (2019-2022) e Mauricio Macri (2015-2019) e ainda do marionete da Otan na Ucrânia, Zelensky, disse que a data de sua posse representava um marco em que o país “decreta o fim da noite populista”, que “abraçou as ideias empobrecedoras do coletivismo” por meio do Kirchnerismo.

Tais práticas, segundo as colocações desarvoradas de Milei, são maléficas pois “os planos antipobreza geram mais pobreza”, tornando necessária a política de privatização/desnacionalização de empresas como da Aerolineas Argentinas (que teve um lucro anual superior aos US$ 30 milhões).

Sobre a necessidade de ter “os mercados livres de intervenção estatal”, e da entrega de setores estratégicos como o lítio ao estrangeiro, já havia se comprometido publicamente na semana anterior com o bilionário Elon Musk, dono entre outras da Tesla, X (ex-Twitter), SpaceX e Neuralink. O mesmo bilionário a quem se refere como “um ícone da liberdade no mundo” é aquele que, de olho no lítio boliviano, declarou “vamos dar golpe em quem quisermos”, sustentando sua ação na derrubada do então presidente Evo Morales, em 2019.

“Embora Elon não possa comparecer à cerimônia de transição, combinamos de manter contato para que no próximo ano ele visite a Argentina e possamos continuar fortalecendo laços e trabalhando juntos”, publicou Milei.

Diferente da acolhida do novo presidente argentino, a Justiça boliviana condenou a golpista Jeanine Áñez a dez anos de prisão “por resoluções contrárias à Constituição e por violação de deveres”.

“A SITUAÇÃO IRÁ PIORAR”

“Sabemos que no curto prazo a situação irá piorar”, declarou Milei, acrescentando que por isso “gostaria de trazer uma frase muito importante e notável de um dos melhores presidentes da Argentina, que foi Julio Argentino Roca: ‘Nada de grande, nada de estável e duradouro é alcançado no mundo quando se trata da liberdade dos homens e da gratidão das pessoas, se não for à custa de esforços supremos e sacrifícios dolorosos’ “.

Milei esqueceu a que homens, mulheres e crianças estava se referindo. Pois o genocida Julio Argentino Roca foi o responsável pela denominada “Campanha do deserto”, que comandou o extermínio dos povos originários de etnia mapuche. De forma direta e avassaladora, se calcula que entre 1878 e 1885, a campanha assassinou 20 mil indígenas, deslocando as tribos sobreviventes para as zonas mais distantes e estéreis da Patagônia.

A projeção é que feitos prisioneiros, cerca de três mil indígenas foram enviados à força para Buenos Aires, onde foram separados por sexo a fim de “não procriarem”. As mulheres foram distribuídas pelos bairros da cidade, passando a servir como escravas domésticas, enquanto parte dos homens foi enviada à ilha de Martín Garcia, morrendo depois de poucos anos de reclusão.

Atualizando tais práticas da oligarquia antipopular e vende-Pátria, Milei defendeu uma política de feroz repressão contra os que reivindicam melhorias, assegurando que, a partir de agora, “quem bloqueia a rua, não recebe”.

Para deixar claro que quer ter essa regra repressora como lei, anunciou para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional o jurista Rodolfo Barra, que no passado integrou um grupo neonazista e até participou de um ataque a uma sinagoga. O Ministério da Segurança foi entregue para a ex-candidata à presidente Patricia Bullrich, que ocupou a mesma pasta no governo de Macri, abraçando a condenação aos movimentos “por terra, teto e trabalho, contra a fome e o tarifaço”. O Ministério da Justiça ficou nas mãos de Mariano Cúneo Libarona, famoso por defender um megaempresário ligado ao narcotráfico.

Quanto à ditadura que assassinou e desapareceu com 30 mil opositores, a orientação é “negacionista”, como expressa a vice-presidenta, Victoria Villarruel. Entre outras barbaridades, ela propõe o fechamento do Espaço Memória e Direitos Humanos da ex-Esma (Escola Mecânica da Armada), sede do maior centro de detenção clandestina e tortura da ditadura.

Mas a realidade se impõe, com Zelensky, em Buenos Aires para sair na foto. Acumulando dezenas de milhares de mortes e vendo seu armamento virando nada no campo de batalha, o fantoche desejou “felicitações a Milei” e comemorou “sua contundente vitória nas eleições”. “Aprecio sua postura clara de apoio à Ucrânia. Espero trabalhar juntos para fortalecer nossa cooperação e restaurar a ordem internacional (sic!)”.

Macri também desejou “felicitações” a Milei, frisando que “não tiraria uma única vírgula do seu discurso”. “Não posso estar mais em sintonia com as suas palavras de hoje”, garantiu, desconhecendo que seu novo aliado o havia incluído entre os responsáveis pelos “100 anos de decadência” da história argentina.

Elogiando o momento, Bolsonaro avaliou que “foi um encontro de velhos amigos”. “Ele me fez algumas confidências e se são confidências não posso falar. E eu também fiz as minhas”, relatou, com as fotos dos dois sendo comparadas nas redes sociais a Debi & Lóide.

Fonte: Papiro