Forças da Rússia deixam fora de combate armamento dos EUA e Berlim fornecido a Kiev | Foto: CEPA

“Agora, com a situação ficando mais desesperadora na linha de frente, é a hora de começar a pensar em negociar a paz com a Rússia”, ponderou Aleksey Arestovich, ex-assessor e porta-voz de Vladimir Zelensky, afirmando que o presidente ucraniano se tornou refém da sua própria propaganda devido à sua propensão para “bancar o herói nos parlamentos de todo o mundo”.

O ex-assessor e porta-voz presidencial, que se afastou do governo de Kiev, disse à rede inglesa Inews que Zelensky “não pensa no interesse nacional, mas na sua própria posição”.

Arestovich anunciou recentemente que se posicionaria contra a candidatura de Zelensky para a presidência e faria campanha com uma plataforma de paz. Com o número de mortos ucranianos nos embates contra a Rússia atingindo cerca de 300 mil, o antigo conselheiro disse que já passou da hora de começar a discutir os termos da paz.

“Para a Rússia, é importante a Ucrânia não aderir à Otan e para nós deveria ser chave parar esta guerra. Estas são excelentes condições para iniciar uma discussão real – não apenas entre a Ucrânia e a Rússia – sobre um novo sistema de segurança coletiva na Europa”, considerou.

Arestovich disse que a Ucrânia estava em melhores condições para negociar na primavera de 2022, depois das tropas russas estarem mais perto de Kiev, e denunciou que o então primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, minou as conversações de paz.

Naquele momento, Moscou procurava proteção para a população que falava a língua russa, a redução do exército de Kiev e o afastamento da Otan, revelou o ex-porta-voz ao Inews, alegando ter conhecimento detalhado das negociações que decorreram em Istambul, na Turquia. Após a visita de Johnson a Kiev em abril passado, as negociações foram rapidamente encerradas, lembrou.

David Arakhamia, o deputado ucraniano que chefiou a delegação de Kiev nas negociações da primavera de 2022 com a Rússia, declarou que Moscou estava pronta para acabar com a guerra se a Ucrânia prometesse não aderir à Otan, que tem como base um sistema através do qual os seus Estados-membros se dispõem a atacar qualquer entidade externa à organização que tiver confronto com qualquer dos integrantes. Isso significaria que um país – Ucrânia – que compartilha uma fronteira de 1.930 km com a Rússia, se entrasse para a organização militar, seria o palco para posicionamento de avançados mísseis estadunidenses convencionais e nucleares ao longo de toda a fronteira russa.

“Quando voltamos de Istambul, Boris Johnson veio a Kiev e disse que não assinaríamos nada com os russos e que deveríamos apenas lutar”, revelou o deputado à mídia ucraniana.

Um porta-voz de Johnson tentou fugir desse fato, dizendo que a decisão de manter o enfrentamento foi tomada por causa da “determinação do presidente Zelensky e do povo da Ucrânia”, escreveu a Inews.

Fonte: Papiro