Crimes humanitários em Gaza aprofundam o isolamento de Israel
Apesar das ressalvas da comunidade internacional em relação ao Hamas, o conflito na Faixa de Gaza expõe cada vez mais a imagem do Estado de Israel. Além do desprezo aberto à causa palestina – camuflado de combate ao terrorismo –, o governo israelense tem promovido crimes humanitários que chocam o mundo.
No domingo (10), a OMS (Organização Mundial da Saúde) deu números ao genocídio. Dos quase 17 mil palestinos mortos por conta dos bombardeios em Gaza, cerca de 7,7 mil são crianças. O Ministério da Saúde de Gaza informou, na quarta-feira (13), que já havia 18.608 pessoas mortas e 50.594 feridas. Do outro lado, os ataques do Hamas deixaram cerca de 1.200 vítimas em Israel.
A desproporção passou a constranger até os Estados Unidos. O presidente norte-americano, Joe Biden, viu-se obrigado a modular suas opiniões. Segundo ele, a forma “indiscriminada” como Israel bombardeia Gaza e mata civis resultou em perda de apoio.
Com base num levantamento do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA, a CNN divulgou que de 40% a 45% das 29 mil munições ar-terra usadas por Israel em Gaza são “dumb bombs” – ou seja, bombas do tipo não guiadas. A denúncia, revelada nesta quinta-feira (13), contradiz a versão oficial segundo a qual Israel tentou minimizar o risco de baixas civis.
Na véspera, outra notícia punha o país contra a parede. Entre terça (12) e quarta-feira (13), nada menos que dez militares israelenses morreram em Gaza. Segundo a agência Reuters, a lista inclui “um coronel que comandava uma base avançada e um tenente-coronel no comando de um regimento”.
O Hamas aproveitou o episódio para contestar a tese da vitória inevitável de Israel no conflito – uma promessa duvidosa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. “Quanto mais tempo você permanecer lá, maior será a conta de suas mortes e perdas – e você sairá de lá carregando o fardo da decepção e da derrota, se Deus quiser”, afirmou, em nota, o Hamas.
A resistência a um cessar-fogo humanitário imediato – conforme reivindicado pela Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) – isola progressivamente Israel. Ainda assim, Netanyahu dobra a aposta: “Continuaremos até o fim, até a vitória, até que o Hamas seja aniquilado. Digo isso diante de uma grande dor, mas também diante de pressões internacionais”. A conta da guerra começa a ficar cara para Israel.