Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O Ministério da Saúde divulgou, em entrevista coletiva na terça-feira (19), que o Brasil teve aumento nas coberturas vacinais entre 2022 e 2023. Segundo os dados preliminares, oito imunizantes do calendário infantil registraram alta em 2023.

A mudança é atribuída a uma série de medidas adotadas pela atual gestão do Ministério da Saúde a partir do lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado pela pasta em fevereiro deste ano. Entre as medidas estão o repasse de R$ 151 milhões para ações de vacinação nos estados e municípios, o programa Saúde com Ciência e a política intitulada microplanejamento, em que cada município adaptou as ações de vacinação à sua própria realidade.

Registraram crescimento, para as crianças com um ano de idade, as vacinas contra hepatite A, poliomielite, pneumocócica, meningocócica, DTP (difteria, tétano e coqueluche) e tríplice viral 1ª dose e 2ª dose (sarampo, caxumba e rubéola). Também cresceu, em todo o país, a cobertura da vacina contra a febre amarela, indicada aos nove meses de idade.

“Quero dizer que o movimento pela vacinação venceu. Todos alcançamos juntos o objetivo de reverter a trajetória de queda das coberturas vacinais. A sociedade atendeu ao chamado e se incluiu nesse movimento”, afirmou a ministra Nísia Trindade.

“Hoje pudemos apresentar aqui um balanço do quanto avançamos. E gostaria de lembrar o que já disse a OMS: a vacina, junto com a água tratada, é o que garantiu a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa em todo o mundo”, ressaltou a ministra.

O avanço representa o início da reversão na queda de vacinação que acontece no país desde 2016, e que foi aprofundada nos últimos quatro anos com a política negacionista do governo Bolsonaro, que desestimulava a vacinação. Haja visto o que ocorreu na pandemia da Covid-19, quando o próprio presidente e seu Ministério da Saúde faziam campanha aberta contra as vacinas.  

O ministério atribui o sucesso, entre outras estratégias, à regionalização do Programa Nacional de Imunizações (PNI), quando equipes do ministério percorreram o Brasil ao longo do ano “realizando oficinas com as secretarias de saúde e buscando soluções viáveis para a realidade de cada local”.

Entre as medidas adotadas estão a imunização extramuros, ampliação do horário das salas de imunização e busca ativa de não vacinados.

Com as medidas, alguns estados se destacaram, caso do Piauí, que aumentou a cobertura da primeira dose de vacina tríplice viral, passando de 82,8% para 97,8%; da poliomielite, que passou de 75,9% para 89,9%, e da DTP, que de 73,1% subiu para 92,8%. No Espírito Santo, a cobertura da meningocócica cresceu 33,1% de 2022 para 2023, alcançando 91,6% de cobertura; assim como Rio Grande do Norte e Sergipe que aumentaram a cobertura 33,4% e 39,8% respectivamente.

“Há muitos desafios pela frente. Mas todo esse avanço é decisivo e significativo, pois demonstra que juntos vamos conseguir com que o Brasil, que já tem 50 anos de PNI, recupere a sua cultura de imunização. Algo que é motivo de orgulho e de reconhecimento internacional”, disse a ministra.

Outra mudança significativa foi a inserção dos dados vacinais em um sistema único em todo o país, ao contrário do que existia, quando os registros das doses aplicadas ficavam inseridos em diversos sistemas de informações próprios dos estados e municípios. A partir de 2023, todos os dados vacinais passaram a ser redirecionados para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), com as doses aplicadas atreladas a um número de Cadastro de Pessoa Física (CPF).

A partir dessa mudança, a caderneta de vacinação poderá ser consultada online, inclusive pelo próprio cidadão, por meio do ConecteSUS. 

Fonte: Página 8