A sessão da Assembleia Geral da ONU que aprovou o cessar-fogo imediato | Foto: Al Jazeera

A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta terça-feira (12), em caráter de urgência, uma resolução exigindo um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns, acesso à ajuda humanitária e respeito à proteção de civis e ao direito internacional.

Foram 153 votos a favor, incluindo o Brasil, mais de três quartos do total de países; o quorum de aprovação era de dois terços. A resolução foi apresentada pelo Egito, em nome dos países árabes, e pela Mauritânia, em nome dos países da Organização de Cooperação Islâmica.

EUA, Israel e mais oito votaram contra; as abstenções foram 23.

As resoluções da Assembleia-Geral, embora não vinculativas, têm peso político e expressam o sentido amplamente majoritário no mundo inteiro de que é preciso deter a catástrofe humanitária em curso em Gaza, a limpeza étnica e o genocídio perpetrados por Israel no diminuto enclave palestino.

O enviado palestino na ONU, Riyad Mansour, disse que protestos em todo o mundo pedindo um cessar-fogo, incluindo manifestações em frente à sede da ONU, devem ser ouvidos. Ele descreveu a votação na Assembleia Geral como o auge do sentimento público.

“É nosso dever coletivo seguir neste caminho até vermos o fim desta agressão contra o nosso povo, vermos esta guerra contra o nosso povo parar. É nosso dever salvar vidas”, disse ele.

“Esperamos que em alguns dias – se Deus quiser] algumas horas – que os Estados Unidos cheguem à conclusão de forçar Israel a parar com essa agressão contra nosso povo”, disse Mansour a repórteres.

Na semana passada, os EUA vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por 13 votos e 1 abstenção, que estabelecia o cessar-fogo, que foi apresentada após o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, recorrer ao artigo 99 da Carta da ONU, diante do colapso humanitário em Gaza e da escala da destruição e do morticínio de civis. O artigo não era usado há décadas. A resolução havia sido endossada por 97 países, inclusive o Brasil.

Anteriormente, em 8 de novembro, tentativa anterior de obter um cessar-fogo no CS também havia sido impedida por Washington, dando luz verde para que o massacre em Gaza prosseguisse.

De acordo com as agências da ONU que atuam em Gaza, o sistema hospitalar e a ajuda humanitária entraram em colapso, os mortos e feridos são 60 mil, na maioria, mulheres e crianças, 1,8 milhão de habitantes foram expulsos de seus lares pelas tropas israelenses, e sob cerco total não há comida, água, luz, remédios ou combustível.

A Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, tentou defender o indefensável – a continuação do genocídio – alegando que “qualquer cessar-fogo neste momento seria temporário, na melhor das hipóteses, e perigoso, na pior das hipóteses – perigoso para os israelenses, que estariam sujeitos a ataques implacáveis, e também perigoso para os palestinos, que merecem a chance de construir um futuro melhor para si próprios livres do Hamas”.

Curiosamente, antes da votação, o presidente Biden, em um evento de arrecadação de fundos para sua campanha de reeleição de 2024, admitiu que Israel estava perdendo apoio internacional por causa dos “bombardeios indiscriminados”.

Mark Leon Goldberg, editor-chefe do UN Dispatch, disse que a votação da Assembleia-Geral da ONU mostra que o ímpeto está crescendo, com mais países agora apoiando um cessar-fogo em Gaza.

“Vale a pena enfatizar o quão esmagadora foi esta votação a favor de um cessar-fogo humanitário”, ele disse à Al Jazeera.

“Suspeito que o que veremos é mais impulso para novas maneiras criativas de impressionar os Estados Unidos, em particular, a necessidade de um cessar-fogo humanitário imediato”, acrescentou. “Vai ficar cada vez mais difícil para os Estados Unidos seguirem suas outras prioridades nas Nações Unidas, permanecendo tão isolados nessa questão.”

Assembleia Geral se recusou a incluir uma alteração dos EUA condenando o Movimento de Resistência Palestina (Hamas), uma vez que não obteve os dois terços necessários dos votos.

Fonte: Papiro