Nahida (e) e sua filha Samar, católicas, foram excutadas por franco-atirador de Israel em igreja na cidade de Gaza | Foto: Vatican News/Composição

Duas mulheres cristãs foram assassinadas a tiros por soldados israelenses no sábado (16) dentro da igreja católica da Sagrada Família na Cidade de Gaza. O Papa Francisco, neste domingo, condenou o ataque à igreja como “terrorismo”, acrescentando que na igreja não havia “terroristas, mas famílias, crianças, pessoas doentes ou deficientes, freiras”.

De acordo com comunicado do Patriarcado Latino de Jerusalém, “por volta do meio-dia [10:00 GMT] … um franco-atirador” do exército israelense “assassinou duas mulheres cristãs dentro da Paróquia Sagrada Família em Gaza”, onde famílias cristãs estão abrigadas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.

“Nahida e sua filha Samar foram baleadas e mortas quando chegavam ao Convento da Irmã. Uma foi morta enquanto tentava levar a outra para um local seguro”, diz o texto.

A maioria das famílias católicas da Cidade de Gaza buscara refúgio na igreja desde o início do assalto de Israel contra o enclave palestino.

Em sua bênção semanal, o Papa disse que continua recebendo “notícias muito graves e dolorosas de Gaza”, denunciou que “civis desarmados são objetos de bombardeios e tiroteios” e acrescentou que isso “aconteceu até dentro do complexo paroquial Sagrada Família, onde não há terroristas, mas famílias, crianças, pessoas doentes ou deficientes, freiras”, referindo-se às duas cristãs assassinadas.

Francisco também se referiu à declaração do patriarcado de que um convento de freiras da ordem fundada por Madre Teresa foi danificado por um incêndio de tanques israelenses.

E completou: “Alguns diziam: ‘É guerra. É terrorismo”. Sim, é guerra. É terrorismo”.

A igreja católica da Sagrada Família fica a 400 metros da igreja cristã ortodoxa de São Porfírio, que foi bombardeada pelo regime de Netanyahu em outubro e que é a terceira mais antiga igreja do mundo. Os cristãos de Gaza são uma das comunidades mais antigas do Oriente Médio, que remonta ao primeiro século.

“Esta é uma campanha de morte direcionada durante a temporada de Natal na comunidade cristã mais antiga do mundo”, disse Hammam Farah, membro da família de Nahida e Samar, em um comunicado no X.

De acordo com o correspondente da Al Jazeera, Hani Mahmoud, a igreja, que acomodava cristãos em Gaza, foi alvo de bombardeio israelense direto nos últimos dias. “A maior parte dela foi destruída. Os atiradores de elite estão disparando contra todos os objetos em movimento no pátio”, acrescentou.

“ASSASSINATOS A SANGRE FRIO”

Segundo o relato da agência de notícias Vatican News, “no sábado, os militares israelenses entraram no complexo da Paróquia Católica da Sagrada Família, em Gaza, atirando em qualquer pessoa que saísse da igreja. As vítimas são uma mulher idosa e sua filha, que saiu correndo do prédio para resgatar sua mãe”.

O assassinato duplo ocorreu depois de um pesado bombardeio durante a noite na área ao redor da paróquia da Sagrada Família, de acordo com a agência de notícias palestina Wafa.

Outras sete pessoas também foram baleadas e feridas enquanto tentavam proteger as pessoas dentro do complexo da igreja. A declaração do Patriarcado observou: “Nenhum aviso foi dado, nenhuma notificação foi fornecida. Eles foram baleados a sangue frio dentro das instalações da paróquia, onde não há beligerantes”.

A declaração também revelou que um foguete disparado de um tanque das Forças de Defesa de Israel durante a manhã teve como alvo e atingiu o Convento das Irmãs de Madre Teresa, destruindo o gerador do prédio – sua única fonte de eletricidade – enquanto um incêndio de grandes proporções danificava a casa.

“O convento abriga mais de 54 pessoas com deficiência e faz parte do complexo da igreja, que foi sinalizado como um local de culto desde o início da guerra”, disse.

Posteriormente, o prédio foi alvo de mais dois foguetes, tornando a casa inabitável: “As 54 pessoas com deficiência estão atualmente desabrigadas e sem acesso aos respiradores de que algumas delas precisam para sobreviver.”

A alegação usada pela tropa de ocupação para seu ataque a uma igreja foi de que haveria um “lançador de foguetes” dentro do templo. Apesar da intervenção do Patriarcado, a operação não foi interrompida. Os soldados israelenses dispararam contra o complexo da paróquia e os civis que se abrigavam no prédio.

À Al Jazeera, o porta-voz da Igreja de São Porfírio, disse que o bloqueio israelense a Gaza desde 2007 tornou a vida das famílias cristãs muito difícil, mas que persiste uma grande solidariedade. “Somos todos palestinos. Vivemos na mesma cidade, com o mesmo sofrimento”, disse Ayyad. “Estamos todos sitiados e somos todos iguais.”

O assassinato das fiéis católicas ocorre um dia depois de tropa israelense ter assassinado a tiros três reféns desarmados, sem camisa, com bandeira branca, é sintoma do ponto a que chegou a degeneração do regime de Netanyahu em seu ímpeto pelo genocídio, limpeza étnica e apartheid.

Como disse uma analista, as FDI estão “cheias de ódio e fora de controle”, enquanto Netanyahu aposta sua sobrevivência política, na assim chamada “Terra Santa”, por meio da desumanização dos palestinos e do cheque em branco aos fanatizados para seguirem em frente com a barbárie.

O duplo assassinato fez o ministro das Relações Exteriores da Itália, país que tem manifestado excessivo zelo pelo suposto direito ‘de defesa’ de Israel, dirigir um “apelo sincero ao governo e ao exército israelenses para proteger os locais de culto cristãos”. “Não é aí que o Hamas está escondido”, acrescentou.

Fonte: Papiro