Robert De Niro ao receber o prêmio Gotham | Foto: Reprodução

Ao reconhecer que parte do seu discurso havia sido censurado na cerimônia do Gotham Awards 2023, na noite de segunda-feira (27), o ator Robert De Niro imediatamente abandonou o teleprompter e passou a ler o texto original. “Só quero dizer uma coisa: o início do meu discurso foi editado, cortado e eu não sabia. Eu quero lê-lo”, sublinhou.

O astro leu então a parte excluída do comentário em que condenava as mudanças de currículo sobre a história da escravidão, realizadas na Flórida, no início do ano, e para evitar mais “problemas”, manteve-se aferrado ao texto que havia escrito no celular. “A história não é mais história. A verdade não é verdade. Até os fatos estão sendo substituídos por fatos alternativos e impulsionados por teorias da conspiração e pela mentira”.

Segundo ele, na Flórida, os jovens estudantes aprendem uma história distorcida sobre os escravizados.

Ao receber um prêmio especial por seu desempenho no filme “Assassinos da Lua das Flores”, dirigido por Martin Scorsese, De Niro explicitou o texto denunciando o tratamento dispensado pela indústria cinematográfica à história dos nativos americanos, citando um comentário retrógrado de um conhecido ator hollywoodiano.

“A indústria do entretenimento não está imune a esta doença purulenta. John Wayne disse a famosa frase sobre os nativos americanos: ‘Não creio que tenhamos feito mal ao tirar deles este grande país. Havia um grande número de pessoas que precisavam de novas terras, e os índios tentavam egoisticamente mantê-las para si’”, expôs De Niro.

De Niro denunciou que “a mentira se tornou apenas mais uma ferramenta no arsenal dos charlatães” e, referindo-se a Trump, disse que o “ex-presidente mentiu mais de 30 mil vezes durante os seus quatro anos de mandato. E ele está mantendo o ritmo em sua atual campanha eleitoral. Mas, com todas as suas mentiras, ele não consegue esconder sua alma”, apontou. “Ele ataca o fraco, destrói os presentes da natureza e mostra desrespeito aos nativos, por exemplo, usando ‘Pocahontas’ como insulto. Cineastas, por outro lado, esforçam-se – foi daí que vim e vi que eles tinham editado tudo”, explicou.

Ao encerrar suas observações, De Niro disse que planejava agradecer à Apple, aos produtores do filme e ao Gotham Awards até reconhecer que o seu discurso havia sido mutilado antes de posicionado no teleprompter. “Mas não tenho vontade de agradecê-los pelo que fizeram. Na verdade, como eles ousam fazer isso?”, concluiu.

Fonte: Papiro