"Israel transformou todas as pessoas na Faixa de Gaza em alvos”, denunciou Euro-Med | Foto: Said Khatib/AFP via Getty Images

1049 homens e mulheres idosos foram mortos pelas forças israelenses nas dez semanas de ataques a Gaza perpetrados pelo regime de Netanyahu, denunciou o Observatório Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos (Euro-Med), em comunicado emitido na sexta-feira (22).

“Israel transformou todas as pessoas na Faixa [de Gaza] em alvos”, registrou a organização, que tem sede em Genebra, na Suíça, e que repudiou o genocídio em curso.

A maioria das vítimas idosas de Gaza foi esmagada até a morte sob os escombros de suas casas ou do abrigo onde buscavam segurança em meio aos bombardeios quase implacáveis de Israel, apontou o comunicado. Outros foram mortos ao terem de se aventurar em busca de necessidades básicas.

“Dezenas foram alvo de assassinatos e execuções em campo”, acrescentou o Euro-Med. O que incluiu soldados atirando em idosos “imediatamente após ordenar que evacuassem suas casas” e, em alguns casos, “executando-os momentos após sua libertação de horas ou dias de detenção arbitrária.”

Entre as execuções denunciadas pelo observatório de direitos humanos, estão a do idoso Akram Abu Hasira e sua esposa, que “foram baleados e deixados para sangrar até a morte pelas forças israelenses no dia 21 de dezembro, depois de serem evacuados à força de sua casa na rua Yarmouk, na Cidade de Gaza”.

Em seguida, os soldados israelenses atearam fogo à casa dos Hasira. Apenas após as forças israelenses se retirarem da área se tornou possível dar um enterro decente aos dois idosos, segundo o relato do filho, Mahmoud Abu Hasira.

O médico Muhammad Eid Shabir, 77, ex-presidente da Universidade Islâmica de Gaza, foi assassinado, junto com sua esposa, Rihab Muhammad Shabir, 74, em 11 de novembro. Sua filha confirmou ao Euro-Med Monitor que aviões israelenses bombardearam a casa de sua tia na rua Abu Hasira, em Gaza, matando cinco civis, enquanto 15 pessoas sobreviveram ao ataque. A maioria das vítimas eram mulheres e crianças.

“Eles saíram vivos, fugindo para a rua, onde minha mãe enviou uma mensagem de socorro, e eu ouvi a voz de meu pai chamando por um de seus netos”, disse a filha ao observatório. “Após o início da trégua, em 25 de novembro, meus pais foram encontrados mortos na rua, na estrada oposta a Shifa, depois de terem sido baleados por um franco-atirador do exército israelense.”

Outro exemplo de execução de idosos é o assassinato da cristã palestina de 70 anos, Nahida Khalil Anton, e de sua filha, Samar Kamal Anton, de 50 anos, que estavam nas dependências da igreja da Sagrada Família na Cidade de Gaza, atingidas por um franco-atirador israelense, ao buscarem um banheiro em um prédio anexo. Assassinato que o papa Francisco condenou como “terrorismo” de Israel.

O Euro-Med também repudiou a punição coletiva cometida por Israel, que cortou água, comida, eletricidade, e remédios, o que atinge particularmente os idosos.

“Dezenas de milhares de idosos estão em sério risco de morte”, alertou o observatório, uma vez que quase 70% deles “sofrem de doenças crônicas e a maioria não recebe qualquer assistência médica, já que a maioria dos hospitais está fora de serviço”.

O observatório de direitos humanos observou ainda “o sofrimento distinto” experimentado por idosos que tiveram de se abrigar em campos de refugiados, onde não há cuidados disponíveis apropriados para sua idade, problemas de saúde, incapacidade de resistir ao tempo frio ou necessidade frequente de usar o banheiro. “Notavelmente, 700 a 1.000 pessoas devem usar um único banheiro nesses campos.”

“Israel está travando uma campanha de punição e assassinato generalizados e oprimindo os grupos mais vulneráveis da sociedade palestina de uma forma que raramente é vista na história moderna de guerras ou conflitos armados”, advertiu o comunicado.

“O genocídio de palestinos em Gaza por Israel revela seu flagrante desrespeito ao Direito Internacional Humanitário e é uma grave transgressão dos princípios da guerra”, reiterou o observatório de Genebra, sublinhando ser urgente “um cessar-fogo permanente”.

O Euro-Med pediu, ainda, uma investigação internacional imediata sobre “os crimes horríveis de Israel”. “Todos os países que permanecem em silêncio estão incentivando ativamente o genocídio israelense.”

Nos 78 dias de implacável morticínio e limpeza étnica em Gaza, o regime de Netanyahu já assassinou ou feriu 70 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças. 85% da população de Gaza foi expulsa, sob bombas e tanques, de suas casas, boa parte delas destruídas. Os ataques não pouparam sequer hospitais, casas, igrejas, padarias ou abrigos de refugiados.

Fonte: Papiro