"Israel comete crimes de guerra em Gaza", afirma Petra de Sutter | Foto: Reprodução

A vice-primeira-ministra belga, Petra de Sutter, condenou na quarta-feira (8) os crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza e sua recusa ao cessar-fogo, que vem sendo exigido no mundo.

Integrante do partido de centro-esquerda Groen (Verdes), a vice denunciou que “enquanto crimes de guerra estão sendo cometidos em Gaza, Israel está ignorando as demandas internacionais por um cessar-fogo”. Ela classificou de “desumana” a “chuva de bombas” contra os civis palestinos.

A posição destoa de boa parte dos governos europeus, que abertamente endossam – e em alguns casos, financiam e armam – o genocídio cometido por Israel em Gaza.

De Sutter pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que investigue crimes de guerra cometidos em Gaza e cobrou do governo belga “que sancione Israel”. “O Acordo de Associação de Israel com a Europa deve ser imediatamente suspenso. Não pode haver negócios como de costume”, ela exigiu.

“O Tribunal Penal Internacional deve ser capaz de expandir e reforçar a investigação em curso sobre crimes de guerra. Deve haver uma investigação sobre o bombardeio de hospitais e campos de refugiados.”

“Isto é violência de guerra que nunca, nunca é aceitável”, sublinhou. “A Bélgica não deve apoiar esta violação do direito internacional.”

“Deve haver uma proibição de importação de produtos em nossos supermercados que vêm de assentamentos ilegais”, acrescentou.

“Os direitos humanos são para todos. Os palestinos estão em um estado de total desesperança”, disse ela. “É por isso que é necessária uma solução política em que a Palestina seja reconhecida como um Estado e as fronteiras iniciais anteriores a 1967 sejam respeitadas.”

Ela reiterou que o Hamas “deve libertar os reféns” e chamou a enxugar o fluxo de dinheiro para a organização.

MINISTRA ESPANHOLA

No mês passado, a ministra espanhola dos Direitos Sociais, Ione Belarra, do Podemos, instou o governo de coalizão de seu país a pedir ao TPI a abertura de uma investigação de crimes de guerra contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pelo bombardeio indiscriminado de Israel a Gaza e por cortar alimentos, combustível e eletricidade dos 2,3 milhões de habitantes da faixa sitiada.

“O Estado israelense deve acabar com este genocídio planejado contra o povo palestino”, disse Belarra à Al Jazeera na quarta-feira.

“Por que podemos dar lições de direitos humanos em outros conflitos e não aqui quando o mundo está assistindo horrorizado?”, questionou, lamentando a “morte de milhares de crianças [e] as mães gritando desesperadamente porque estão testemunhando a morte de seus filhos”.

“Há um silêncio ensurdecedor de tantos países e tantos líderes políticos que poderiam fazer alguma coisa”, disse Belarra. Ela considerou “inaceitável” a demonstração de “hipocrisia” que a Comissão Europeia está mostrando.

Por sua vez, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse que “a punição coletiva por Israel de civis palestinos equivale (…) a um crime de guerra, assim como a evacuação forçada ilegal de civis”.

ISRAEL SE ISOLA

Já são oito os países – Bahrein, Chade, Chile, Colômbia, Honduras, Jordânia, África do Sul e Turquia – que convocaram de volta seus embaixadores em Israel, em repúdio ao genocídio em curso, enquanto a Bolívia cortou as relações diplomáticas com Israel.

O Ministério da Saúde de Gaza disse na quarta-feira que, desde 7 de outubro, as forças israelenses mataram pelo menos 10.569 palestinos – incluindo mais de 2.800 mulheres e mais de 4.300 crianças – enquanto feriram mais de 26.400 outros e deslocaram à força 70% da população de Gaza desde o norte em direção ao sul.

Fonte: Papiro